terça-feira, 29 de junho de 2010

Mapas

Uma das coisas que mais gostei de aprender no meu curso de geopolitica, foi a fazer mapas. Ta certo que tem que ser muito paciente, mas as possibilidades são infinitas e eu acabo sempre me divertindo. O cheri foi mais longe e esta terminando o mestrado de cartografia, então é otimo, porque sempre posso pedir umas dicas pra ele. Navegando na internet, descobri que existe muita gente doida por mapas, de ver paises em mancha de ketchup e mapa mundi em sucrilhos. Exatamente como os religiosos rezam diante de manchas na janela em forma de virgem maria.

Achei um site sobre os mapas mais esdruxulos, interessantes, originais e engraçados. Por exemplo, o mapa mundial feito com sapatos:


Ou ainda, a Europa no formato da Marge Simpson:


Cartões de natal em formatos de paises:


Esse pessoal inventa cada uma... Mas fora as brincadeiras, os mapas de verdade são feitos para informar mais explicitamente o que os textos levariam paginas para conseguir. O objetivo principal de um mapa bem feito é a pessoa olhar pra ele e entender imediatamente o que ele quer dizer. Por isso não adianta tentar dar muitas informações de uma vez so, que vai confundir todo mundo. Existe varias regrinhas de cores e itens indispensaveis, como titulo, escala, fonte e legenda. Mas uma vez que a gente aprende o basico, tudo fica mais facil.

Achei um mapa excelente e super dificil de fazer (nem imagino como) em que o autor consegue cumprir essa regra de percepção imediata com muita eficiência:



Esse é um mapa topografico da criminalidade da cidade de São Francisco. Onde tem mais crimes, a altura é maior. Então a gente sabe imediatamente onde estão concentrados os focos dos diversos delitos e chega rapidamente a conclusão de qual é a parte mais perigosa da cidade. Tão simples e tão claro!

Achei também alguns mapas com dados curiosos sobre a França:

"Consumo de cerveja"


"Pratica de bocha"

Olhando as figuras, da pra ver claramente que o norte da França bebe mais cerveja que o sul, especialmente a fronteira com a Bélgica e com a Alemanha. No segundo mapa a gente nota que no sul a petanque (que é um esporte parecido com a bocha, eu sei, muito sem-graça) é muito popular. E acredite, não so entre os velhinhos!

Acho que no Brasil os jornais ainda não usam muito os mapas para explicar melhor os conflitos ou mesmo so pra esclarecer melhor uma situação. E é uma pena, ja que é um meio muito eficiente de entender e contextualizar os problemas. Aqui na França, os melhores catografos trabalham em jornais e o Le Monde Diplomatique tem fama de fazer os melhores mapas. Tem até um programa de televisão, o Le dessous des cartes, que explica geopolitica através de mapas e narrações muito esclarecedoras. O Brasil bem que podia importar algumas dessas ideias.



Le dessous des cartes - Bombarder l'Iran
envoyé par gloubi77. - L'actualité du moment en vidéo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dor nas costas

Não pessoal, meu silêncio não é luto pela equipe da França. Até queria comentar a novelinha francesa, mas estou sem tempo mesmo. A minha propria novela da dissertação esta tirando todas as minhas forças.

Ainda não acabou.

Quando (ou se) tiver um final feliz, eu volto aqui uma tonelada mais leve.

domingo, 13 de junho de 2010

Copa na França? Só lá em casa

Essa é a primeira vez que não estou no Brasil durante a Copa do Mundo e confesso que estou um pouco decepcionada. Mesmo que eu não goste de futebol, não ligue para os jogos e não dê a minima para o placar, gosto da festa, assim como todo brasileiro. Pois aqui não tem festa. Até que começou bem, pessoal animadinho, promoções de tevês pra copa, discussões (pessimistas) na midia sobre a seleção francesa e expectativas gerais, mas dai o campeonato começou e eu nem reparei! Ué, cadê as bandeiras? Cadê as camisas? Cadê as ruas coloridas?

Se eu não tivesse em casa o expectador francês mais atento à copa que existe neste pais, eu nem saberia quando são os jogos da França. Nem no momento do jogo. Ta certo que os franceses estão super desanimados com a equipe deles e principalmente com o treinador, que parece que é o mais detestado dos ultimos tempos. Dele, minha lembrança mais marcante foi uma declaração à TV depois de (mais) uma derrota dos bleus, ha uns dois anos atras: "Olha, ta certo que o resultado não foi tão bom, mas eu queria aproveitar essa oportunidade e pedir minha namorada em casamento - fulana, quer casar comigo?". Como assim, filho? Não tinha ideia melhor pra mudar de assunto do que passar essa vergonha em rede nacional?

E parece que o senso profissional do treinador Domenech é do mesmo nivel que seu senso de ridiculo - nulo. Isso pode explicar a apatia dos franceses diante da copa. Depois que me convenci do desanimo dos bleus, lembrei da Argélia e logo me animei, ja que aqui existe uma gigantesca comunidade argelina e nas eliminatorias da copa eles fizeram muito, muito barulho. Mas o time jogou hoje e perdeu de 1 a 0 para a Eslovenia ou Eslovaquia, não lembro e não estou com vontade de procurar. Era o time mais facil do grupo! Silêncio de luto depois do jogo, depois dessa, é praticamente certo que a Argélia não va longe.

Mas é verdade que o desânimo ja estava instalado antes do jogo. Eu e cheri resolvemos assistir o jogo aqui perto de casa, no Museu da Imigração, que anunciou que ia passar alguns jogos e a entrada era gratuita. La fomos nos, um pouco atrasados, e quando vimos carros parados em cima da nossa calçada pensamos "danou-se, não vai ter mais espaço pra gente. Olha isso, os carros ja estão parados aqui longe!". Fomos andando até o museu com esperança de encontrar um espacinho entre todos aqueles torcedores e quando chegamos, bom, haviam exatamente dois torcedores. Um pai e um filho, assistindo o jogo numa televisão! Nem era um telão, o minimo que se pode esperar quando se anuncia, de maneira impressa!, a difusão de um jogo da copa. A unica coisa legal era uma mesa de toto gratuita e eu como amo toto, não perdi a oportunidade. Voltamos pra casa imaginando a grande ola de quatro pessoas que poderiamos ter feito no museu e terminamos de ver o jogo em casa.

Aqui tenho so a parte chata da copa - o futebol. Sim, claro, porque eu dispensei os brasileiros, mas fui cair com um francês apaixonado por esse esporte estupido. Então ele não pode perder nenhum jogo que considera importante e como ele gosta de prestar atenção no jogo em si e estranhamente não nas historias, piadas, musiquinhas e gritos de guerra que ocasionalmente acontece nos bares mais animadinhos, ele prefere ficar em casa (na nossa ou na de terceiros) nos jogos da França e, acreditem, realmente assistir o jogo! Mas acho que nem tô animada pra sair de casa de qualquer jeito, estou até curtindo ficar por aqui, so não parece copa.

Vamos ver se terça-feira o ambiente muda e a comunidade brasileira faz mais barulho do que aquelas vuvuzelas.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Fé e pensamento positivo

Na minha época de nadadora eu acreditava muito no poder da mente. Naquela coisa de "querer é poder", que hoje eu acho um pouco clichê e um tantinho ridiculo, mas que ja me ajudou muito no passado. Sim, eu continuo acreditando, mas acho que tenho esquecido de usar nos ultimos anos, redirecionando para meus novos objetivos.

Descobri que não podia ter um excelente resultado na competição sem me concentrar antes. Eu tinha que parar pelo menos 15 minutos, pensar no que eu queria fazer, na minha capacidade de ganhar, nos treinos duros que tinha feito pra chegar ali. Acostumei a mentalizar antes toda a prova que ia fazer: eu imaginava a saida, a entrada na agua, a primeira braçada, via minhas pernas batendo com força, fazia uma virada rapida e acelerava no final. Quando todo mundo ja estava cansado e me via chegando na frente. Eu ficava cansada so de pensar, mas não era um cansaço de desânimo, mas de excitação, de ansiosidade, de vontade. E então eu conseguia encontrar dentro de mim a coragem e confiança de cair na agua e fazer o que eu sabia fazer.


Eu adorava competir e não havia melhor sensação do que sentir toda aquela adrenalina no meu corpo, aquela bomba pronta a explodir no primeiro contato com a agua. E quando tudo tivesse terminado, sentir o cansaço, a necessidade de respirar todo o ar do mundo, mas também a satisfação de ter dado o meu melhor. E sem aquele pequeno ritual de concentração antes, nada disso seria possivel.

Minha treinadora era especialista em motivação. Ela fazia a gente acreditar. Ela dizia que tinhamos que pensar positivo, que tinhamos que trabalhar a mente para ganhar uma competição. 70% fisico, 30% mental, ela repetia. Eu acreditava.

E o que é isso tudo senão uma fé? No fim das contas, é pra isso que as religiões servem: pra motivar, pra encorajar, pra te dizer que você merece e que você vai ter. A oração nada mais é que uma concentração em terceira pessoa - em vez de pedir a você mesma, peça à Ele. Em vez de se convencer que você treinou duro e pode conseguir, você tenta convencê-lo de que é uma boa pessoa e deveria ter seu pedido atendido. Acreditar tanto assim, são pensamentos positivos que te envolvem e te favorecem.

Ja disse que não acredito em deus. Mas acredito no poder das orações (feitas por quem acredita em deus, claro) pela energia positiva que emanam. Acho que nosso cérebro tem capacidades fantasticas, mas como ele ainda é tão desconhecido, atribuimos injustamente todo esse poder a outros fatores. Por isso eu gostaria de aprender a meditar, a fazer ioga, entrar mais em contato comigo mesma. Ja não tenho mais a natação pra servir de catalizador obvio para meus pensamentos positivos, mas acho que eu deveria tentar usar essa energia para outros fins. As vezes tenho a impressão que eu passei a ser minha pior inimiga, como fazer para essa energia voltar a jogar em meu favor?

terça-feira, 8 de junho de 2010

Resultado da pesquisa "esses franceses têm cara de que?"

Esta comprovado que os brasileiros não entendem nada de nomes franceses. Não é por nada não, mas eu também erraria os dois nomes, pois acho que o homem tem muito cara de Olivier (assim como todos os franceses na faixa dos 30 anos) e a mulher eu juraria que fosse Cecile. Mas não são.

Cecile ganhou com 34% ou 29 votos. Depois vêm Marta com 27% (23 votos), Camille com 15% (13 votos) e Audrey com 12% (11 votos). E la em ultimo vem o nome real da moça, Fabienne, com meros 10% dos votos. Nove pessoas conseguiram descobrir o nome certo. Fabienne Keller é uma politica francesa - senadora e prefeita da cidade de Strasbourg. Sera que desses nove tem alguém que more em Strasbourg ou conhecia a Fabienne?

Na categoria "homem", o nome vencedor, mas incorreto, foi Gerome, com 33% dos votos (escolhido por 28 pessoas). Em segundo, Olivier com 25% (29 votos), terceiro Pierre com 15% (13 votos). O nome correto ficou em quarto lugar, Alexandre, com 14% (12 votos). Pelo menos não ficou em ultimo como a Fabienne! E na lanterninha, Rubens com 10% (9 votos). Alexandre Tharaud é pianista.

E ai, acertaram? Gloria e Iara acertaram o Alexandre, mas erraram a Marta, né? Desconfio que se fizessemos o mesmo teste com modelos brasileiros, iriamos errar de qualquer jeito. Apesar do senso-comum, a impressão que temos de nomes é muito pessoal. Sera que tenho cara de Amanda?

terça-feira, 1 de junho de 2010

O mundo cansou da politica de Israel, so os politicos continuam calados

Parece bobagem, mas uma das coisas mais importantes que aprendi nos ultimos anos foi que não podemos reduzir um conflito em bonzinhos x vilões. Ninguém quer ser vilão e, dependendo do ponto de vista, todo mundo é heroi. O que existe são motivações, interesses, versões, contexto historico. Sempre devemos procurar entender as razões de ambos os lados.

Mas tem certos casos em que simplesmente não ha justificativas. Ontem, Israel atacou barcos humanitarios que tentavam furar o bloqueio imposto na Faixa de Gaza. Eles levavam remédios, alimentos e material de construção (item proibido no pais pela estratégia israelense). Tropas israelenses atacaram os barcos e mataram uma dezena de ativistas pacificos, alegando que eles eram terroristas perigosissimos armados de facas, tacos de beisebol e duas pistolas (duas pistolas para 750 pessoas). Entre os embarcados havia uma cineasta brasileira, que hoje esta presa em Israel e sera deportada para os EUA, onde vive. Ela conta um pouco sobre o projeto aqui, antes do incidente de um dia atras.

Esse acontecimento é um escândalo tremendo, pois mostra o desprezo que o exército israelense tem com a vida humana e a convicção que possuem de que podem passar por cima de todas as lei humanitarias internacionais sem serem punidos. Mas esse caso é diferente. Primeiro, porque não são palestinos que eles mataram. Não são arabes. São europeus. São brancos. Todo mundo sabe que no mercado, a vida européia vale mais. Depois, porque as vitimas, além de européias, eram civis cansados de esperar soluções oficiais que não chegam nunca. Cansaram de ouvir falar em  "negociações de paz" ou "estratégias de reconciliação". Tem gente com fome, porra! Tem gente morrendo nos postos de controle de Israel sem poder ir pro hospital enquanto os representantes oficiais continuam se dando tapinhas nas costas.

O mundo cansou. Pronto. Civis resolveram tomar o papel que os politicos provaram ser incompetentes demais para desempenhar. Diplomatas, sobreviventes do holocausto, premios nobel da paz (de acordo com Israel, terroristas da pior estirpe) decidiram entrar num barco para lembrar ao mundo as barbaridades que se fazem contra os palestinos. E quando são recebidos à bala (em aguas internacionais) nossos queridos representantes so têm a dizer que estão "trabalhando para entender as circunstâncias da tragédia", como declarou o atual nobel da paz, Barack Obama. Longe de ser uma condenação, não? Tragédia é quando temos uma catastrofe natural, quando o acontecimento é inevitavel - a chacina de ontem poderia ter sido evitada.

Sou otimista e acho que essa "tragédia" pode sim dar uma nova perspectiva para o conflito israelo-palestino. No meu exercicio de tentar entender os dois lados, consigo compreender as motivações tanto dos palestinos quanto dos israelenses, e acho que ambas são validas. Mas tenho a convicção de que um dos lados utiliza meios inaceitaveis, injustos, cruéis e inumanos para conseguir seu objetivo.

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