segunda-feira, 30 de maio de 2011

Programão de sabado - hospital

Sabado de sol. Atrasados, corri pra lavar a louça acumulada. Um dos 50 copos na pia estava rachado e eu não vi. Peguei o copo e passei a esponja com força. Ele quebrou na minha mão e me cortou. Olhei pro corte e vi que a coisa tinha sido feia. Gritei pelo nome do cheri mil vezes até ele aparecer, assustado. Mostrei minha mão e ele fez uma cara feia. Ainda fez o tipico uh-la-la-la-la-la-la.... Quanto mais ''las' na boca de um francês, mais grave é a situação, saibam disso. E eu disse "Ei, não fala assim que você me assusta!" e ele tentou disfarçar. Depois respondeu "acho que precisamos ir ao médico". Foi quando eu olhei pro chão da sala e vi que estava cheio de sangue pingado da minha mão. Não sentia dor nenhuma. Soube ali que nosso sabado tinha acabado.

Minha sorte é que eu estava pronta pra sair de casa. Vestida e calçada. Se eu estivesse de pijama, acho que teria saido na rua de pijama mesmo. Enrolei a mão numa toalha e fui na farmacia pedir uma indicação enquanto cheri desligava o fogão, pegava as bolsas e fazia o que tinha que ser feito. Furei fila na farmacia e fui logo dizendo que eu tinha me cortado e não sabia se precisava ir pro hospital. Um cara super simpatico e atencioso me levou pra tras da loja e pediu pra eu mostrar o corte pra ele. Fui desembrulhando a mão e vi que a toalha ja estava cheia de sangue. "uh-la-la-la-la-la-la....", ele disse. Perguntou se eu queria sentar, respondi que não. Ele desinfectou o corte, mas disse que não ia mexer muito porque não sabia se ainda tinha vidro la dentro e tal. Mas falou pra eu ir sim pra emergência e me indicou um hospital em Saint-Mandé, fora de Paris, que era mais vazio que os outros. Estavamos caminhando para tras do balcão, quando de repente senti que meu corpo estava vazio de sangue e que eu estava prestes a cair. Nunca tinha sentido isso antes! Mas tentei me manter forte, pensava que poxa, era so um corte, por que estava me sentindo tão mal? Cheri chegou na farmacia e eu nem o vi direito. Perguntei pro cara se eu podia sentar dizendo que não tava me sentindo bem. Sentei. Ele disse que era normal, era o choque. Lembrei que não tinha comido nada o dia todo e de repente uma fome monstra tomou conta de mim. Fiquei com tanta fome que não sabia como eu poderia reunir forçar pra chegar em casa e comer. O cara da farmacia dizia que a gente poderia pegar um taxi pro hospital ou então o metrô. So a visão de entrar num metrô naquele momento me fez piorar, era a ultima coisa no mundo que eu era capaz de fazer. Dai os dois ficaram discutingo logistica e eu fui me recompondo. Ufa, ja estava bem melhor.

Cheri subiu de novo no apartamento pra pegar umas coisas e ver exatamente onde ficava o tal do hospital. Como eu estava melhor, disse que não valia a pena pegar um taxi, o melhor seria ir de ônibus. Porque eu posso estar mal, mas continuo pão dura. E ja estava me sentindo bem, nem fome eu tinha mais. No ônibus encontramos um conhecido que foi logo me estendendo a mão pra dizer bonjour e eu tive que dizer "xi, não vai dar, cortei a mão e estou indo pro hospital". E todo o ônibus olhou pra mim. Na verdade o hospital era bem pertinho de casa, mas chato de chegar até ele. Tivemos que pegar o metrô também, mas apenas por uma estação, so pra não precisar andar mesmo. Eu ja estava bem tranquila, parecia que estava indo dar um passeio no parque. A essa altura o corte ja doia.

Chegamos no hospital, fui levada diretamente pra uma sala e atendida por duas enfermeiras divertidas que disseram "ah, jolie!" quando viram meu corte. Uma delas perguntou se eu estava em dia com a vacina de tétano, eu (que odeio agulhas) disse que tinha quase certeza que sim, mas como eu minto mal, ela disse que ia fazer o teste mesmo assim. E o teste, minha gente, era um furo no dedo. Com tanto sangue espalhado por ali, por que não aproveitar, né? Mas nem deu tempo de reclamar, ela ja foi logo pegando meu dedo e furando, e pra minha surpresa, nem senti!

Colocaram minha mão dentro de uma tijela com iodo e disseram que eu tinha que ficar assim por pelo menos 15 minutos, mesmo que ardesse. E olha, ardeu. O problema é que não foram 15 minutos, mas quase 2h! Até tirei um cochilo. Dai chegou o médico, que certamente era mais novo que eu. Ele parecia meio perdidão, mas era muito atencioso. Explicou que a região do corte concentrava muitos nervos e tendões importantes e que era preciso ter certeza de que nenhum deles tinha sido atingido. Dai ele mexeu de um lado, mexeu do outro, fez testes de movimentos e quando acabou eu perguntei: "E ai? Pegou algum nervo importante?" e ele respondeu "Acho que não. Perai que vou chamar meu colega". Aparece um menino que não devia ter mais de 22 anos, mas todo seguro de si. Foi logo pegando uma pinça e avisando que ia doer um pouquinho. PQP. Chegaram a conclusão que tava tudo ok, era so dar um pontinho aqui e outro ali e ia ficar tudo certo.

Quando fiquei sozinha com meu médico novamente perguntei "Então, você é estudante?", ele respondeu "interno", depois riu e disse, "sim, estudante". Dai conversamos sobre como a faculdade de medicina é dificil, sobre a escolha da especialidade e percebi que se fosse outra ocasião, a gente poderia sair todo mundo pra tomar uma cerveja - eu, ele, as enfermeiras e todos os outros estudantes que passaram pra dar uma olhadinha no meu corte (e que, tenho a nitida impressão, ficaram um tantinho decepcionados por meus nervinhos estarem intactos). Mas não, ele estava apenas costurando meu dedo e eu tinha que chama-lo de vous. Me senti num episodio de Gray's Anatomies.

O legal é que ele me explicava passo-a-passo o que ia fazer. Disse que apesar do meu corte ser grande, ele so precisaria dar dois pontos porque foi fundo e meio na horizontal. Negociamos se teria anestesia ou não e decidimos que não teria. Dai ele narrava tudo o que estava fazendo (ja que eu não estava olhando): "Agora estou procurando o melhor lugar pra pôr o ponto. Voilà. Agora vou furar, atenção! Hooooop-la! Mais uma vez, mais uma vez, hop-la! Pronto, a metade ja foi, viu como não doi tanto assim?", um fofo. Prefiro um estudante simpatico do que um velho experiente que nem liga pra mim. Depois ele me disse: você é bem menos sensivel do que pensa. Eu precisava ouvir isso.

A enfermeira voltou com a tal da injeção contra o tétano. Eu disse pra ela que talvez não fosse necessario, que tinha sido vidro e não metal e blablabla. Ela respondeu "tétano mata, sabia?". Um argumento bastante razoavel, cedi. Dai ela perguntou: "Você pretende ter filhos? Isso não é nada perto de um parto". Estou convencida a não ter filhos. Ela foi pegando meu braço e eu falei: "Mas não é melhor dar no mesmo braço dos pontos? Assim eu fico apenas com um braço invalido", mas ela respondeu "Não se preocupe, essa vacina não doi depois". Resultado - hoje estou com dois braços invalidos. Thanks, nurse.

Saimos de la sem pagar um tostão. Amo a França. Passei 3h no hospital e achei muito, depois descobri que nos hospitais de Paris às vezes temos que esperar até 8, 9h pra sermos atendidos. Dos males, o melhor. Descobri que levar pontos não é assim tão assustador e que eu sou bem mais forte do que eu pensava. Juro que da proxima vez não vou fazer cara feia pra nenhuma agulha. Cheri tem me ajudado a fazer coisas simples como pôr comida no prato ou abrir uma lata. Não pude resistir a piada quando estava a caminho do banheiro: "quando eu terminar, te chamo, ta?". 

Daqui a dez dias tiro os pontos.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Piquenique do apocalipse

Eu não tinha a intenção de fazer um post contando sobre o piquenique não, sabe. Acontece que ele foi tão, mas tão legal, que eu tive que fazer! Formamos um grupo bem bacana e nos divertimos muito! O dia estava perfeito para ficar de bobeira no parque, solzinho gostoso, mas não muito abafado. Ficamos la até depois das 19h, o tempo passou voando! Muito obrigada a todos que foram, adorei mesmo conhecê-los!

De todo mundo, eu so conhecia pessoalmente a Dé e sua familia, os outros todos foram novidade. Tivemos varias coicidências de gente que se descobriu vizinha e de gente que foi caloura uma da outra no Brasil. O mais legal é que ja temos outros encontros programados!

Não tirei uma foto sequer, mas roubei de todo mundo que tirou. Como eles me autorizaram a postar aqui, ai vão algumas fotinhos! 



Adoro fartura!

Bolinho de cenoura servido por mim e pela Vera

Maite, Alê, Dé, Beto e Christophe

Cheri, Renata, Elizabeth e Jérémy

Ainda teve rumores de que a gente tava numa pior. Ponra!

 
Maite, a timida. Sei.

Rafael e Luciana

terça-feira, 17 de maio de 2011

O piquenique - dessa vez vai!

*Update de sexta - CONFIRMADO! :)

Tenho um monte de post na cabeça e varios assuntos que gostaria de escrever (o principal, é claro, é a prisão de DSK). Mas estou sem tempo e sem inspiração. A boa noticia é que parece que sabado vai fazer o maior solzão, então que tal aproveitarmos para fazer o tal do piquenique?

O esquema sera o mesmo: sabado dia 21, 13h30 em frente ao Mc Donalds do metrô Porte Dorée (linha 8). Os atrasados liguem para 06 37 08 32 28. Levem comida, bebida, crianças, namorad@s, bolas e o que mais der na telha.

Vamos la, galera, animem-se! Vamos conhecer gente legal!

*Atenção, confirmação definitiva na sexta-feira, ok? Mas acho que dessa vez a méteo colabora!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O melhor amigo do casal

Achei tão lindo quando alguém disse nos comentarios que gostava especialmente dos meus posts sobre amizade... Pois é, não sei se sou uma pessoa sortuda por ter cruzado com tanta gente bacana ou se sou apenas sensivel a esse tipo de encontro e transformo uma situação banal em algo bem mais importante o que realmente é. O curioso é que não sou absolutamente uma pessoa dramatica ou romântica, que fica suspirando pelos cantos e lendo poemas. Não sou. Mas quando falo sobre amizade e tudo o que vem com ela, me da sim um friozinho na barriga.

A historia de hoje aconteceu ha pouco mais de quatro anos, quando eu e o cheri fomos viajar pelo sul da América do Sul. Fizemos tudo de ônibus, saindo do Rio de Janeiro. Quando cruzamos a fronteira da Argentina, ficamos um tempinho na cidade de Puerto Iguazu, acampados. Costumavamos comer perto do campping num lugarzinho (não da pra chamar de restaurante) que servia "1/4 de pollo con papas fritas". A espelunca era tão suja e sombria, que a gente tinha que escolher entre comer dentro e respirar aquele cheiro estranho e trocar sorrisos sem-graça com a familia que morava/trabalhava ali ou comer do lado de fora e ser assediado pelos cachorros de rua que achavam que se eles olhassem fixamente para um pedaço de frango, ele cairia magicamente no chão. Geralmente escolhiamos o lado de fora. Dai um dia tinha apenas um cachorro la, um pastor alemão, e todos os outros cães ficavam afastados e olhavam de longe. Cheri falou pra eu não dar comida pra ele, mas é claro que eu dei.

Terminamos de comer, pagamos a conta, nos levantamos e saimos andando. Adivinha quem veio junto? Atravessamos ruas, cruzamos esquinas, andamos e andamos e ele com a gente. Achei o maximo, nunca tive cachorro (nem gato, o unico animal que tive foi um papagaio/maritaca que ficou com a gente quase 20 anos, o Lula) e o meu sonho de criança era um cachorro me seguir na rua pra eu chegar em casa e dizer "mas mãe, ele me seguiu até aqui! Posso ficar com ele?". Por mais que eu tentasse atrair os cães, eles nunca me seguiam. Então nesse dia fiquei super satisfeita. So que tinha um problema: eu não ia voltar pra casa e não podia pedir minha mãe pra ficar com ele, pois dali a dois dias continuariamos nossa viagem que incluia 30h de ônibus até Salta. No campping, ja à noite, decidimos que o melhor seria despistar o cachorro (decidimos não, cheri decidiu e eu, muito contrariada, aceitei). Antes de irmos pra nossa barraca, fomos no banheiro. O cão parou na porta e ficou nos esperando, educado que era. O banheiro tinha duas saidas, então entramos por uma e saimos pela outra. Ainda dei uma espiada e o vi la, atento, esperando pela gente. MORRI DE PENA, mas o que poderiamos fazer? Cinco minutos depois de entrarmos na barraca, ouvimos um barulho do lado de fora: era ele, o esperto. Dessa vez, morri foi de orgulho. Pois ele passou a noite toda dormindo ao lado da nossa barraca. Latiu algumas vezes, certamente nos protegendo de terriveis malfeitores.

No dia seguinte ele perambulou com a gente mais um pouco. Não lembro exatamente o que fizemos, mas acho que o roteiro incluiu uma parada no supermercado, onde mais uma vez o gentleman nos esperou o tempo todo do lado de fora. A gente andava na rua e as pessoas paravam pra olhar: que cachorro educado! Os donos nem precisam pôr coleira! Cheri disse que ele nos seguia porque eu dei comida pra ele. Mas poxa, eu ja dei comida pra milhares de cães e isso nunca aconteceu.

Ele nos adotou realmente. Parece que estava pensando "Hum, tô a fim de ter dois humanos... Olha esses dois ai, eles cheiram a frango, por que não?". Uma coisa é certa: se estivessemos em casa, ele viraria integrante da familia. Agora imaginem a minha dor no coração em não poder ficar com esse cachorro que nos escolheu. Não tinha jeito mesmo. Aquele era apenas o inicio de uma viagem de dois meses de ônibus, seguida da nossa ida definitiva pra Paris. Não voltamos pro Rio, pegamos o avião em Buenos Aires. Fiquei muito triste. Iriamos embora de Puerto Iguazu no dia seguinte bem cedinho, então não queriamos simplesmente abandona-lo. Pensei, pensei e cheguei a conclusão de que ele so poderia ter fugido da policia, ja que era um pastor alemão muito educado e tinha um comissariado bem perto do lugar onde o encontramos (ou melhor, onde ele nos encontrou). Pronto, fomos na policia perguntar se eles tinham perdido um cachorro e todo mundo super estranhou a pergunta. Não, eles não têm cães ali. Então explicamos que tinhamos que ir embora, mas que o cachorro nos seguia o tempo todo e tal. Eles ouviam com total ceticismo, aquela cara de "aham, sei". Disseram pra deixa-lo la que iam encontrar uma solução e ja foram levando ele pro quintal atras do prédio. Ja estavamos na rua quando ouvimos uns gritos e barulhos estranhos - era nosso cão correndo atras da gente com corrente pendurada e oficiais atras dele. Os policiais pareciam incrédulos: "Ele se soltou e fugiu pra ir com vocês mesmo! Tem certeza de que estão com ele ha apenas um dia? Como é possivel?".

So deu tempo de dar mais um tchau até os policiais o levarem de volta pra delegacia. O que me confortava é que eu sabia que ele não seria mal-tratado, pois era de raça e bem treinado. Se não encontrassem seu dono original (não tinha coleira nem nada), pelo menos alguém ficaria com ele. O que não impede nenhum pouco a minha tristeza toda vez que lembro dessa historia e sinto tê-lo abandonado. Acho que esse cachorro era o unico cachorro do mundo que o cheri aceitaria levar pra casa. Pena que não tinhamos casa naquele momento.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Livro - Apocalypse Bébé


Virginie Despentes é uma figura que me intriga muito. Eh verdade que comecei com o maior tapa na cara que uma autora pode dar, que é Baise-moi, mas logo depois li Apocalypse Bébé, seu ultimo livro, e minha perplexidade em relação a ela continua. AB é de longe bem menos punk que Baise-moi, mas ainda assim me incomoda. O livro conta a historia de uma adolescente que desaparece e uma detetive particular (não muito motivada) que é contratada pra encontrar a menina.

Pra mim com certeza o ponto alto é a construção dos personagens. Eles são tão bem-feitos, tão logicos, tão redondinhos, que parece que a autora tem um pos-doc em psicologia. As historias são contadas pelo ponto de vista deles, e como quase todos os personagens têm voz, muitas vezes temos duas versões da mesma historia. Conseguimos simpatizar e solidarizar com ambas e vamos vendo como tudo se encaixa. Da gosto de ler paginas tão bem escritas.

Alguns elementos de Baise-moi estão presentes em AB, principalmente no que diz respeito ao sexo (nao na mesma intensidade). O mundo da Despentes é totalmente depravado e ela nos faz acreditar que tudo aquilo que ela relata é a vida real, nos é que somos conservadores demais. Seu estilo rapido e sem rodeios de escrever também esta presente, o que faz com que a gente leia o livro inteiro sem perceber que ja chegou ao fim. Como em Baise-moi, AB também traz um pedacinho do universo muçulmano, mas sem maior destaque. E as girias sao regra na escrita de Despentes, tive que parar a leitura muitas vezes pra procurar o significado de algumas delas.

Tenho algumas criticas também. Pra começar, não gostei do final. Achei facil demais, apesar de tirar o fôlego (longe de ser previsivel, alias). Mas é so minha opinião, a Dé, por exemplo, gostou. Outra coisa que me incomodou muito foram as passagens machistas, o que é muito curioso, ja que a Despentes é assumidamente feminista. E é interessante ler o livro tendo essa informação porque nossa reação muda completamente. Se o autor fosse um homem, eu bufaria na hora e acharia um absurdo ler tais coisas. Mas como é a Despentes, a feminista, eu lia e pensava que aquilo na verdade era uma critica à sociedade machista, que ela estava apenas denunciando o tratamento dado às mulheres e tal. Mas cara, ela fala coisas tão, mas tão sexistas, tão chocantes e toda hora, que cansa, sabe. Eu não quero ouvir pérolas machistas, nem que elas venham de uma feminista. Isso so serve pra manter as coisas como elas são.

Apocalypse Bébé era um dos favoritos para o ultimo Goncourt, maior prêmio da literatura francesa. O outro favorito era La carte et le territoire, que acabou levando. Li os dois e sinceramente acho que a Despentes merecia mais. Em todo caso, ela é uma promessa das letras por aqui e se continuar escrevendo com certeza leva o prêmio em breve.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Top 10 - produtos dos supermercados franceses

Ja começo dizendo que foi muito dificil selecionar apenas 10 produtos das prateleiras francesas, pois tem muita coisa boa. Até pensei em separar em categorias, mas preferi cortar tudo e reunir apenas la crème de la crème. Essa lista esta longe de ser unanimidade, afinal de contas duvido que outro brasileiro além de mim dê espaço para feijão em lata em sua listinha vip. Eu dou (calma, me dêem uma chance). Então essa é a minha lista, meu gosto pessoal, mas todo mundo esta mais que convidado a dar seus palpites nos comentarios. Além do mais tem muita coisa que provavelmente não esta na lista porque eu não conheço ainda, então também quero indicações do que experimentar!

A principal intenção desse top 10 é indicar produtos industrializados que geralmente passam despercebidos, mas que são excelentes! Porque no Brasil a gente sabe desde sempre o que é bom e o que não é, mas aqui na França a maioria de nos chega meio perdida nos supermercados e acaba entrando numa rotininha gastronômica, às vezes por falta de indicação mesmo. E se você vier à Paris passear, não perca a oportunidade de experimentar essas belezinhas.

10- Sirop de cassis (qualquer marca)
Xarope de cassis é tipo uma groselha que da pra misturar na agua pra fazer refresco, é claro, mas também em varias outras coisas, como limonada, agua com gas ou cerveja. Agora no verão é otimo! Eu gosto de tomar dois tipos de cerveja: a boa de verdade, com um gosto forte, e a ruinzinha que eu misturo com cassis e fica maravilhosa! O problema é que a gente bebe como um suquinho e quando vê ta num caminho sem volta.

9- Cassoulet em lata (qualquer marca)
Cassoulet, especialidade da cidade de Toulouse, nada mais é que uma feijoadinha branca com linguiça e pato. E sim, esse que eu compro no supermercado é de lata. Olha o preconceito, gente! Eu juro que é bom. Quando bate aquela saudade da cozinha brasileira eu compro uma latinha de cassoulet, faço um arroz e uma farofinha e ninguém diz que não é um PF genuinamente brasileiro. So que os franceses comem cassoulet puro, sem nenhum acompanhamento.

8- Compote de pomme (a Leader Price é mais barata e tem mais % de maçã que as outras)
No Brasil (pelo menos até 5 anos atras), so os bebês comem compota de frutas. Aqui na França vende-se potes gigantescos de purê de maçã, para os adultos mesmo. Eu adoro. Eh uma sobremesa bem saudavel e muito gostosinha e ainda da pra usar a imaginação e incrementar. Por exemplo, em vez de usar creme em tortinhas, por quê não usar purê de maçã?

7- Molho pesto (Leader Price ou Monoprix)
Tenho evitado os molhos prontos porque eles têm muita quimica, prefiro usar os tomates de verdade. Mas esse molho pesto é tão gostosinho que abro excessões. Além do mais não é pra usar ele inteiro, so uma colher pra cada porção de macarrão, pois ele é bem forte.

6- Houmous (Sabra, ou qualquer outra marca importada de Israel)
Sim, também tem no Brasil, mas so fui descobrir aqui na França mesmo. Houmous é um purê de grão-de-bico, ou seja, super benéfico pra saude. Ele é tao gostoso que eu tinha certeza que tinha uma tonelada de creme de leite ali dentro, mas nem tem. Tem varios sabores, todos eles otimos! Minha preferência são os picantes.

5- Brioche Tressée (Pasquier)
Quando um produto tem varias marcas, normalmente eu vou sempre na mais barata, porque a qualidade em geral é a mesma. Mas não com essa brioche. Ela é mais cara por dois motivos: por ser de marca e por ser trançada. Vale cada centavo. Não corte, vai puxando com as mão aos pedaços, é a melhor parte!

4- Confit de canard em lata (Leader Price, nao achei a foto)
Confit de canard é a coxa do pato conservada na propria gordura do animal. Pra quem não conhece, a descrição parece esquisita, mas olha, eu sou a pessoa mais nojenta que existe pra comer e eu adoro esse prato. Não sempre, claro, porque realmente tem muita gordura. Temos que cozinhar no forno as coxas (sempre vêm cinco) dentro da gordura, e depois jogar o liquido fora (no lixo, não na pia!). Eh a carne mais saborosa que ja comi na vida. E da pra levar pro Brasil, fica a dica.


3- Hamburguer de soja sabor indienne (Sojasun)
Comi pela primeira vez na casa de uma criança que estava tomando conta, porque na verdade eu nunca compraria espontaneamente hamburguer de soja no supermercado. Mas olha, é muito bom! Foi uma grande descoberta. Ainda vem com um molhinho pra botar por cima, que eu sempre espalho nos legumes e no arroz. Ja provei outros sabores e achei tudo sem-graça, o negocio é o indienne mesmo.

2- Cookies (Pepperidge Farm)
Na verdade acho que esses cookies são americanos, mas como vende nas prateleiras francesas, ta valendo! Eles custam bem mais que os outros biscoitinhos do mesmo tipo, mas são tão, mas tão gostosos, que até uma pão-dura miseravel, ou melhor, uma pessoa economicamente responsavel como eu gasta seus eurinhos a mais pra leva-los pra casa. Mas não compro sempre porque vicia!
1- Tortellini Pesto Basilic Pécorino Pignon (Giovanni Rana)
Se eu disser que uma das minhas maiores preocupações em voltar pro Brasil é não poder mais comer esse tortellini, vocês vão entender como essa massa fresca é boa ou vão apenas achar que eu sou louca? Sério, eu poderia comê-la todo dia no café, no almoço e na janta. Ja tentei outros sabores da mesma marca, mas nenhum outro me convenceu. Dou a dica: coloque a massa na agua fervente por um minuto e nenhum segundo a mais e coma sem acrescentar NADA, nem sal. Tudo que você botar so vai tirar o sabor. E esqueça de vez daquelas massas recheadas de coisas que você nem consegue reconhecer o gosto.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...