domingo, 21 de agosto de 2011

Calanques, o caminho até as águas cristalinas

Tínhamos nosso dia bem programado: acordar às 6h30, sair do camping às 7h, chegar na cidade de Cassis às 7h50, pegar o ônibus municipal que nos leva até o centro às 8h, chegar no centro às 8h15 e começar a trilha para os calanques imediatamente. O guia dizia que a trilha até onde queríamos ir demorava 2h, então pensamos que daria pra fazer mais rápido e chegar lá antes das 10h. Ficaríamos uma horinha na praia (calanque é praia, já explico), depois estaríamos de volta no máximo uma da tarde. Mas existe o imprevisto, esse lindo.

Pra dizer a verdade não sei se existe uma palavra em português pra dizer "calanque", e nem posso procurar agora porque estou sem internet (estou no barco rumo à Corse!). Mas calanque é um braço de mar num terreno montanhoso, tipo uma fissura nas falésias que formam uma praia. Isso na teoria. Na prática é mais simples de explicar: putaquepariuquecoisamaislinda! O negócio é que é meio difícil de chegar, tem que ir de trilha, ou de barco. Decidimos ir no En-Vau, que é o terceiro saindo de Cassis. O primeiro era um calanque-porto, cheio de barco e impróprio pra banho. O segundo era bonitinho, mas as falésias não eram completas. O terceiro que era "o" lugar. Era lá que queríamos chegar, de preferência antes de todo mundo.

Mas em vez de sair às 7h, saimos 7h45. Chegamos em Cassis 8h30 e descobrimos que o primeiro ônibus era só 9h. Saiu atrasado. Começamos a trilha já bem tarde, subimos uma montanha enorme, fiquei exausta já na primeira meia hora. A boa notícia é que não cruzamos com ninguém no caminho e fiquei toda feliz pensando que como o caminho era difícil, pelo menos não teria muita gente no calanque. Aliás, se fôssemos nos basear pela quantidade de pessoas que víamos na trilha, não teria ninguém. Subimos uma montanha e fomos parar em cima das falésias. Estava cheio de plaquinhas avisando do perigo de quedas, pois as pontas eram cobertas de vegetação seca, que escondia as beiradas. Então se a gente pegasse a trilha errada, corria o risco de cair no vazio. Pra completar o drama, dois dias antes, quando ainda nem sabia que meu percurso incluia andar sobre falésias perigosas, sonhei que caia de uma! Eu caminhava até a ponta, escorregava numa pedrinha e caia lá embaixo espatifada. Pelo menos meu sonho serviu pra eu ser mais prudente.

Subimos e descemos duas montanhas até chegar no segundo calanque. Levei um choque quando vi, que coisa maravilhosa!



Depois estranhei a quantidade de pessoas naquela praia se não tinha ninguém na trilha. Várias crianças, elas não iriam encarar as falésias mortais! Será que todos tinham ido de barco? Ansiosos pra chegar no terceiro calanque, fomos logo retomando nosso rumo. Dessa vez tinham algumas pessoas andando com a gente. Meldels do céu, o que era aquela trilha? Nunca fiz uma tão complicada, coberta de pedrinhas que deslizavam à medida que íamos pisando nelas. Sem falar do sol, que já estava a pino e queimando sem piedade. Eu, que não suo, estava pingando. Se subir era difícil, descer era ainda pior, porque escorregava muito. E era muito perigoso, se caisse num lugar mais íngreme, já era. Mas estávamos no meio de uma das paisagens mais lindas que já vi na vida.


tem duas pessoas ali embaixo, achou?

Chegamos finalmente no terceiro calanque. Duas horas de trilha pra chegar no nosso paraíso selvagem. Hã, selvagem?


A época do ano não é a melhor pra quem procura exclusividade. Até que não tinha muita gente, se considerarmos como a cidade de Cassis estava cheia. Mas valeu a pena, a paisagem era grandiosa e a água do mar translúcida (fria demais pro meu gosto, mas a gente releva).


eu ali no meio!

No caminho de volta até o segundo calanque, encontramos um cara magrinho com uma expressão de choro que disse "eu só tô pensando na volta, não vou aguentar". O chato dessa trilha é isso mesmo, a gente tá na praia, naquele paraíso, preocupado com a dificuldade da volta. No segundo calanque, vimos que a galera estava tomando uma trilha diferente da que viemos. Pombas, não acredito que tinha outra, mais fácil! Seguimos todo mundo e mal pude acreditar. Se por um lado eu estava frustrada de ter andado à toa na ida, por outro eu estava feliz de saber que a volta seria bem mais curta e que não incluia falésias mortais. E cá pra nós, o caminho de ida foi bem mais lindo e eu nunca teria feito se soubesse que tinha outro. Fiz o cheri jurar que ele não sabia.

Achamos que a trilha original era facil demais e decidimos dificultar andando ali por cima, ó!

Chegamos em Cassis depois das 3h da tarde, famintos porque não previmos levar almoço. Dispensamos os sandubas a 10 euros que a cidade de rico oferecia e compramos os nosso no supermercado mesmo.

No caminho de volta, cheri passou numa estrada entre as montanhas e eu fiquei dividida entre fechar os olhos de medo ou olhar a paisagem. Maldito sonho, viu.


Foi um dos melhores dias da viagem. Principalmente agora que lembro dele no aconchego da minha cadeirinha.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Provence, a perfumada




Se eu tivesse que escolher um adjetivo pra descrever minha primeira impressão da Provence, eu com certeza diria perfumada. Não passamos por nenhum campo de lavanda que faz a fama da região, não sei se não é a época ou se eles ficam mais acima das montanhas, passamos apenas por algumas que brotavam no mato mesmo, assim como diversas outras flores. E o cheiro, que coisa mais incrível. Não quero nem imaginar como é na primavera. Parece que jogaram perfume no mato, e perfumes diferentes, pois os cheiros mudavam. Eu abria a janela do carro, fechava os olhos e respirava aquele perfume do campo.

Mas antes de chegar na Provence, passamos pra ver a Pont du Gart, que fica entre Nimes e Avignon. É o maior arqueoduto construído pelos romanos há alguns milhares de anos e ainda de pé. O Lonely Planet dizia que a entrada era gratuita, mas tínhamos que pagar 5 euros de estacionamento. Porra, LP! Era 15 euros! (lembrei de você, Dé). Ficamos um pouquinho decepcionados com a ponte. Ela é impressionante e tal, bonitona mesmo, mas a ponte faz tanto parte da paisagem que achei meio desonesto ter que pagar para vê-la. Era tudo organizado demais, mas não era um parque de atrações, poxa. Parecia até desrespeito com a ponte.

Depois passamos na primeira cidadezinha da Provence e confesso que também fiquei um pouquinho decepcionada. Não achei muito bonito e só ficava repetindo "prefiro o Lot, prefiro o Lot". Nem saimos do carro. No dia seguinte fomos fazer uma trilha na montanha de Sainte-Victoire. Achei o percurso complicado, mal sabia o que me esperava no dia seguinte. Na volta passamos por dois meninos pedindo carona e paramos. Eles iam pra Aix-en-Provence a 12km e nosso camping ficava a 4km. Subiram mesmo assim pra fazer parte do caminho. Nós já tínhamos programado de ir à Aix à tarde, então tomamos banho, trocamos de roupa. E 1h mais tarde saímos de carro novamente. 500m mais à frente, quem a gente cruza? Os meninos andando pela estrada. Eles disseram que ninguém parou, então decidiram voltar andando! Sorte que nós os reconhecemos. Daí eles nos contaram que estavam sem dormir, pois subiram a montanha às 3h da manhã para ver o nascer do sol. Eram estudantes de antropologia.

Minha primeira impressão de Aix também não foi das melhores, mas a essa altura eu já estava de implicância com a Provence. Acontece que estávamos passeando pelo lado errado e quando fomos pro certo, fui sendo conquistada aos pouquinhos. Lá tem várias ruazinhas e praças fofas, um convite à um sorvete ou uma cerveja com o calor que estava fazendo. Encontrei a primeira brasileira desde que comecei a viajar.

Depois passamos por outras cidadezinhas mais bonitas pra tirar a impressão da primeira. As casas são quase sempre amarelas e é tudo muito bem cuidado. Era tudo lindo, mas continuo preferindo o Lot. O Lot é mais rústico, autêntico, é a França profunda; enquanto a Provence é mais delicada, com florezinhas em todos os lugares e grama bem aparada. Se fossem esportes, o Lot seria rugby e a Provence patinação no gelo. Putz, viajei, né?

Na terça fizemos um dos passeios mais legais até agora (se não o mais legal): os calanques. Mas eles merecem um post só pra eles. Já vale uma procurada no google, vai.







quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Curtinhas de férias

Curtinhas do camping

* estamos funcionando no "modo galinhas": quando anoitece a gente dorme, quando amanhece a gente acorda.
* nossos vizinhos não apreciam nossa matutinidade e ficam resmungando do barulho. Pombas, não quer ouvir barulho vai pro hotel! No camping tem gente legal e gente chata. Os indícios apontam que somos os chatos. Aceite.
* ter dor de barriga às 3h da manhã é a pior coisa que pode te acontecer num camping.

Curtinha da estrada

* fiquei pasma com um motorista que decidiu brincar no trânsito indo de uma ponta à outra da auto-estrada, passando por todas as pistas, várias vezes. Em alta velocidade, brincando com a vida dos outros. Choquei, nunca vi isso no Brasil, cheri disse que já viu várias vezes aqui.

Curtinhas do Sul da França

* sei que cheri se sente em casa quando vai na padaria e pede um chocolatin ao invés de pain au chocolat e vai ao supermercado e pede uma poche, em vez de um sac plastique.

* ser parisiense no sul é uma coisa muito constrangedora pra você.

Curtinha da máquina fotográfica

* cheri mostra toda sua crueldade no fim do dia quando diz "vamos fazer a seleção das fotos?"

Curtinha da praia

* ainda não entendi a lógica das francesas: na praia é topless, na rua a blusa é obrigatória. Continuo pagando de piriguete com minha parte de cima do biquíni na cidade. Quero nem saber.

domingo, 14 de agosto de 2011

Argelès, a nossa praia


Na nossa primeira semana de viagem, nós dormimos em vários lugares diferentes (Lyon, Lot, casa de um amigo perto de Albi e Toulouse). Tive a impressão de não parar um minuto, de fazer o dia render 30h, de pegar a estrada dia sim e outro também. Mas então domingo passado nós fomos pra Argelès, cidade onde os pais do cheri têm uma casa de praia. Passamos uma semana lá e tive a sensação de parar no tempo. Os dias passavam devagar, a gente não tinha pressa pra nada, a preguiça reinava, e o melhor: estava muito calor e muito sol.

Rapidamente entramos numa rotininha que consistia em café da manhã, praia, almoço, praia, banho, janta, sorvete. Comíamos super bem, já que comprávamos as frutas e legumes direto com o produtor e putz, que diferença! Em Paris os tomates têm gosto de água, em Argelès eles mal tinham sementes! E o melhor, tudo baratinho. O sorvete, ah o sorvete! Gente, o que era aquilo? Eu tomei um de caramel salé no primeiro dia e não troquei mais, porque nada poderia ser mais gostoso do que aquilo, por que arriscar, né?

A praia também era ótima, pertinho de casa. O único problema era a água, gelada demais. Eu parecia uma bocó pra entrar no mar, sofrendo aos pouquinhos, enquanto todo mundo entrava de uma vez. Mas estava tão calor, que depois que eu entrava, ficava me perguntando por quê não havia entrado antes. Comprei um biquíni francês e, desculpe às fieis aos modelos brasileiros, adorei! É tão mais confortável! Posso me movimentar à vontade sem me preocupar se tudo continua no lugar. Joguei frescobol sem medo de ser feliz. Mas uma coisa que notei é que ninguém anda de biquíni na rua, mesmo que seja a rua da praia. Saiu da praia, tá todo mundo tapado de novo, eu me sentia uma ET. Em compensação, as tiazonas tudo no topless na areia! Quer dizer, não era só tiazona não, tinha muita garotinha também. Acho ótimo, mas numa praia tão lotada nunca que eu faria.

Outra coisa chata era o vento. Sorte que a areia não era fininha, senão seria impossível. Mas cada vez que o vento ficava mais forte eu me preparava pra ser atingida por um guarda sol voador a qualquer instante. Tenso.

E sim, a cidade estava lotada! Argelès é uma das cidades praianas com mais campings, contamos uns 40 no mapa. Mas o mais impressionantes não era a quantidade de pessoas, mas sim a quantidade de crianças! Era muita criança, vou te falar. Acho que pelo menos 30% da galera tinha até 10 anos. E por causa disso, milhares de brinquedos, de parques de diversões, de atividades. E lógico, crianças correndo, chorando, gritando, fazendo manha, jogando areia em você e algumas bem fofinhas pra gente dizer olha que cuticuticuti. Mas poxa, estou de férias, chega de crianças!

Mas parece que eu não fiquei satisfeita com esse tanto de pitico e fui atrás da minha própria. A menina de 4 anos que eu tomava conta estava passando férias na casa da avó, que mora perto de Argelès. Sua mãe nos chamou pra ir almoçar lá e nós fomos. Ela disse que a pequena nem dormiu direito no dia anterior de tão ansiosa que estava com minha chegada, a fofa. Tudo o que uma babá quer ouvir. Os avós dela moram num lugar incrível, isolados de tudo, um paraíso. Fiquei encantada. Eles construíram um lago e tudo. O avô era naturista, felizmente fomos embora do lago antes dele entrar.

Outro passeio que fizemos foi ir pra uma praia selvagem mais distante. Bom, selvagem entre aspas, né? Porque nessa época do ano você nunca está sozinho. Fizemos snorkel e vimos vários peixinhos lindos. Mas eu nunca me acostumo com essa máscara! Passei 16 anos cotidianamente na piscina sem respirar debaixo d'água, não vai ser em um dia que vou mudar meus hábitos. Eu esquecia que dava pra respirar e ficava segurando o fôlego. Ridículo quando eu dava umas braçadas e depois virava a cabeça pra respirar. Não espalhem.

Como estou postando da minha tablete, não sei se vou conseguir postar fotos e nem onde elas vão parar, então relevem. Muito menos tive tempo de revisar. E também não sei se terei energia pra carregar o aparelho nos próximos campings. Até a próxima parada! :)



sábado, 13 de agosto de 2011

Lot, amor à primeira vista - parte 2

No Lot, a gente vê em todos os lugares muretinhas feitas de pedra construidas na idade média. Elas parecem meio frageis, equilibradas meio por acaso, temos a impressão que cairão no primeiro vento. Mas, pombas, estão la ha milhares de anos! E estão por toda parte, nas cidades, nas estradas, no meio do nada.



Outra maravilha são as falésias da região, que ha centenas de anos foram usadas como parede de casas (e é logico que as casas estão la até hoje - e habitadas), o que da a impressão de que os imoveis estão dentro da pedra, um espetaculo.



Num dia de passeio, na hora do almoço, decidimos parar em algum lugar charmosinho pra poder comer nossos sandubas e acabamos caindo por acaso em St-Martin-des-Vers. O legal é que em qualquer lugar que a gente para, se deslumbra.



As videiras estão por toda parte

Fomos também em St-Cirq-Lapopie, que é a preferida da região por sua estética montanhosa e por causa disso cheia de turistas. Eu continuo preferindo as outras, perdidas, com vida cotidiana de verdade. Mas isso não me impediu de babar um pouco.





Reparem no teto de uvinhas


Realmente conhecer o Lot foi uma feliz surpresa. Fiquei encantada com cada cantinho que descobri e moraria la facil, facil. Sinceramente, acho a região bem mais bonita que Paris e seus arredores. Tudo bem que são duas coisas incomparaveis (uma é campo e outra é cidade), mas eu gostei bem mais de conhecer o primeiro. Não sou uma pessoa de museus e multidões, prefiro a calma das cidadezinhas e paisagens naturais. So que normalmente minha preferência vai sempre para as regiões praianas e dessa vez cheguei ao extremo de colocar o Lot acima das minhas cidades litorâneas favoritas. So não fiquei triste em ir embora porque sabia que minha viagem estava apenas começando...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Lot, amor à primeira vista - parte 1

Confesso que não gosto muito de posts de viagens. Nos blogs que leio, esses textos são o que menos me interessam. Então eu também evito escrevê-los, porque acho que nunca vou conseguir explicar todas as sensações de uma viagem, todos os sentimentos e as fotos tampouco fazem jus à beleza do lugar. Mas dessa vez eu quero deixar registrado um pedacinho da viagem que ando fazendo, nem que seja pra eu ler mais tarde depois e lembrar das sensações. Aviso logo que é um post longo e cheio de fotos (obrigada Luci por me ajudar a carrega-las!)

:)

Depois da casa da Luci, pegamos o trem rumo à Toulouse (onde moram os pais do cheri) para pegar o carro e começar nossa road trip. Primeira vez que acampo de carro, minhas viagens até aqui sempre foram no perrengue de levar apenas o que você pode carregar, então dessa vez enchemos a mini-caminhonete de tralha. Levamos até mesa, minha gente! Nunca na historia desse pais pensei um dia em levar cadeiras pra acampar. Engraçado que todo mundo no camping tinha não apenas mesa e cadeiras, mas rede, churrasqueira, todos os utensilios de cozinha e até microondas. Sem contar os campings que têm tudo que você pode imaginar: de quadra de tênis e mini-golfe até piscinas imensas e varios brinquedos pras crianças. Acampamento na França é uma instituição, tem toda uma infra-estrutura por tras.


Então fomos no departamento do Lot, no sul do pais. Cheri conhece bem a região, suas raizes estão ali. Sempre ouvia ele falar dessas cidadezinhas e ficava imaginando como era e so agora pude constatar com meus proprios olhos. E olha, minha imaginação estava longe da realidade: era impossivel eu imaginar algo tão, mas tão lindo! Porque ele até dizia que era bonito e tal, mas sabe como é né, somos suspeitos pra falar da nossa região de origem. E dei graças aos céus que ele me levou até ali, pois eu nunca tinha ouvido falar em Lot e com certeza não teria ido se não fosse por ele. Alias, não cruzei nenhum brasileiro (nem latino, nem americano, nem asiatico, nem africano, nem europeu do leste) durantes os cinco dias que ficamos la. Os poucos turistas eram 80% franceses e o resto era alemão, belga, inglês e holandês. Engraçado como essas nacionalidades descobriram a região e fizeram uma corrida pelas ruinas para depois reforma-las e transforma-las em casas de campo. Tem muito proprietario inglês por ali.

Ficamos na cidadezinha de Marcilhac-sur-Céné e dali iamos passear pelo arredores. A primeira cidade que paramos, Espédaillac foi a que eu mais gostei, não sei se pela novidade, ou simplesmente porque ela era bonita mesmo. E o melhor, sem nenhum turista! Eu disse nenhum. Os moradores são muito simpaticos e depois de 4 anos em Paris, estranhei quando todos eles me cumprimentavam quando me cruzavam. Espédaillac é uma daquelas cidades que a gente acha que não existe mais, que vimos apenas nos filmes antigos de guerra. Pois sim, elas existem e estão ali no Lot. E eu mal pude crer nos meus olhos, tamanha era a beleza.

As casas são sempre de pedra

Aquela argolinha servia pra prender os cavalos

Casa dos hobbits?

Posso morar aqui?

 Depois passamos por duas outras cidadezinhas, Quissac e Caniac. O bisavô do cheri era de Quissac e andava todo dia 8km pra ir e voltar da escola, que ficava em Caniac.


Achei as cadeiras um charme e parece que o chão foi feito com pedras de uma antiga via romana

Achamos dois antepassados do cheri na listinha da 2a GM


Primeira vez que vejo uma mulher guerreira numa igreja. Imagino que seja Joana D'Arc


Paramos numa floresta no caminho e eu aproveitei pra experimentar a culinaria local. Pas mal!
Continua...

sábado, 6 de agosto de 2011

Lyon, um detalhe geografico

Andei meio desiludida com o blog, acho que vocês ja perceberam. Ao mesmo tempo que tenho achado inutil fazer posts sérios sobre assuntos relevantes, também não queria mais expor minha vida pessoal de cabo a rabo por aqui. Então não via muita lógica. Estava sem vontade de escrever e pronto, não me forçava. Mas a verdade é que a blogsfera me trouxe tanta coisa boa, que me sinto em dívida permanente com ela. As amizades virtuais se tornaram reais e eu acabei conhecendo muita gente bacana, gente que virou amiga pra vida toda. Poderia parar por aqui, já que essas amizades já independem da internet, mas é tão legal essa interação virtual, que sinto que estaria perdendo algo se parasse de escrever.

Um dos maiores presentes que o blog me trouxe foi a Luci. Temos tanta coisa em comum, mesmas opiniões sobre praticamente todos os assuntos, tantas afinidades, que já até cansei de dizer "ah, você também?". Apesar de morarmos em cidades diferentes, sempre conseguimos nos ver com certa regularidade. Dessa vez eu e cheri que fomos visitar. Colocamos Lyon como primeira parada do mês e meio de viagem pelo sul da França que estamos fazendo, e assim, domingo passado desembarcamos em Lyon.

Quer dizer, Lyon é maneira de dizer. Fui pra casa da Luci e calhou dela ser em Lyon. Estava tão ocupada tagarelando que nem tive tempo de pôr o pezinho pra fora de casa. Cheri ainda deu uma voltinha com Camilo, sairam durante 4h e quando voltaram nos encontraram praticamente na mesma posição. Nem prestei atenção no que estava acontecendo ao meu redor, acho que fui super anti social com os colocataires da casa, não sei nem dizer ao certo quem estava por lá. Acho que tinha uma inglesa, mas não tenho certeza. Sabe aquela brincadeira que a gente dá a mão e roda tão rapido que a única pessoa que fica no foco é a que está na sua frente? Então.

O que mais gosto na casa da Luci é que me sinto em casa. Não sei explicar direito, mas parece que lá é tudo tão autêntico e verdadeiro que não há espaço para joguinhos sociais. Eu posso ser eu mesma, sem me preocupar o que vão pensar de mim. A gente se sente tão à vontade, que 5 minutos depois de chegar, o cheri já estava esparramado no sofá.

Claro que conheci as amigas Bernadette, Juliette e Jeanette. Estupidas como o esperado e barulhentas pra quem pegou o quarto mais proximo delas (mas juro que não me incomodei). Comi uvas e tomates do jardim e me balancei na rede como ha muito tempo não fazia. Teve até churrasco, luxo total! Falamos sem parar durante dois dias, dormi 3h na ultima noite, mas o tempo nunca é suficiente pra dizer tudo o que gostaria, nem se eu passasse um ano la com eles.

Com toda certeza, o melhor da vida virtual é quando ela se torna real. E então minha vontade de escrever no blog voltou, o problema é que não vou ter muito tempo pra isso. De qualquer forma vou tentar atualizar minhas andanças pelo sul da França por aqui.

Adivinha quem bebeu?
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