sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mudança de planos

A previsão do tempo voltou atras e esta anunciando chuva para o fim de semana. Não tenho escolha - o piquenique sera adiado.

Pra não perder a viagem, proponho um encontro num bar. Sixty Six Bar, 8, Rue de Lappe (metrô Bastille), esse sabado, às 18h30. Gostaria  que confirmassem presença nos comentarios, por email ou sms, porque um bar tem a desvantagem de espaço limitado. E quem for tente chegar na hora, por favor, pois é dificil segurar mesa. Os chopps de 500ml e todos os drinks custam 4,50 euros até as 22h e o ambiente é bem legalzinho.

Estou um pouco frustrada, mas acontece, né? Vamos deixar esse piquenique pra um dia bem bonitão de maio!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Piquenique confirmado!.... NOT!

*Update - A mudança na previsão do tempo me fez cancelar o piquenique!

 

Então pessoal, o piquenique esta confirmadissimo! A méteo ta meia-boca, parece que não vai ter aquele solão de rachar, mas a previsão é de 23° com algumas nuvenzinhas, ta bom, né? Talvez seja até melhor pra gente não torrar no sol (ai pollyanna). Lembrando que todos estão super convidados, mesmo se você nunca comentou aqui no blog, viu? Quem se identifica com o blog so pode ser uma pessoa muito, muito bacana! ;) E pode levar quem quiser, claro. 

Pra facilitar o encontro, vamos marcar 13h30 na saida do metro Porte Dorée (linha 8), em frente ao Mc Donald's (quando sair do metrô, pegue uma das saidas da direita). A rua esta em obras por causa do Tramway, então não estranhem. De la seguimos juntos para o parque. Quem for chegar mais tarde, me ligue para saber onde estamos. Meu telefone é 06 37 08 32 28.

Levem as comidinhas e bebidas que quiserem. Cangas são bem-vindas, menos aquelas com a bandeirona do Brasil, logico (mentira, admito que tenho uma dessas, hahaha). Eu vou levar raquetes de badminton, se alguém tiver mais joguinhos, levem também! Seria bom que vocês confirmassem presença aqui nos comentarios, so pra gente ter uma vaga ideia de quantas pessoas irão.

Estou super ansiosa pra encontrar todo mundo! Até sabado!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Pequenas reflexões sobre o feminismo

Quem acompanha o blog ha um tempinho sabe que eu sou assumidamente feminista. Sempre fui, desde criancinha, apesar de não saber um nome para o que eu sentia. E embora eu sempre tenha me sentido assim, cai muitas vezes nas armadilhas anti-feministas quando era mais nova: ja achei que feministas eram bigodudas mal-amadas, ja achei de verdade que era minha obrigação de mulher usar salto alto e fazer as unhas (o que so me deixava frustrada, porque eu detestava fazer essas coisas), ja soltei pérolas como "não sou feminista, sou feminina", so porque achei a frase um pequeno ato de rebeldia.

Impressionante como a sociedade me fez desviar tanto de um movimento que claramente sempre foi o meu. Quando você é adolescente, você quer apenas agradar todo mundo, ser aceita. E nada mais "cool" que renegar movimentos politicamente corretos, não é? Eh uma tatica muito eficaz, ridicularizar coisas importantes. So que ai uma coisa acontece: a gente cresce. A opinião do outro deixa de pesar tanto e então nos damos a chance de ser um pouquinho menos "cool" e mais espertos.

Hoje eu sou feminista. Faço meu trabalho de formiguinha como todas nos, mas não ouso ir além disso, no sentido de estudar teorias do feminismo e tal. Respeito muito todos que se dedicam a isso, mas não quero que o feminismo tome conta da minha vida. Eh uma luta muito ingrata e eu sofro muito com as injustiças. Acho que a igualdade é resultado de uma evolução muito lenta, feita ao longo de gerações, quase naturalmente. Sim, algumas brigas precisam ser compradas, especialmente no que diz respeito às leis, mas acho que as juizas, médicas e presidentas fazem tanto ou mais pelo feminismo mesmo sem levantar a bandeira, do que as feministas acadêmicas.

Acontece que apesar de feminista, eu não gosto do termo feminista e acho realmente que deveriamos encontrar outra palavra pra nos definir. Primeiro porque esta um pouco ultrapassado. Feminismo lembra o século passado, outras lutas, outro perfil. Sera que não ta na hora de se modernizar? Depois, porque o termo é passivel de erros - muita gente boa acha que feminismo é a versão feminina do machismo. Piadinhas sobre homens, homem-objeto, superioridade da mulher, HTP, comercial da Bom-Bril: tudo isso é feminismo para o senso-comum. E adivinha so: não é. Mas não é por maldade não, as pessoas simplesmente acumulam informações que a sociedade passa pra elas. So que, como a gente sabe, a sociedade é machista e não tem o menor interesse em esclarecer as coisas. Então temos ai um problema estratégico.

Sim, a gente tenta explicar pra todo mundo o que é feminismo. Gastamos um tempão lecionando nossos amigos que podemos ser feminista e largar o emprego pra tomar conta dos filhos; que podemos gostar de moda; que não odiamos os homens. Mas e ai? A maioria das pessoas simplesmente não liga. Não faz parte da realidade delas. Whatever. A maioria não tem o menor interesse em aprender o que é feminismo. Então não da pra ficar batendo na mesma tecla.

Eh natural que elas achem que feminismo e machismo são equivalentes, afinal de contas, as palavras são gramaticalmente equivalentes. E então nos nos desdobramos mais uma vez pra explicar todo o abismo que existe entre os dois termos. Colocamos o feminismo no pedestal e rebaixamos o machismo como o grande vilão da humanidade (e não é?). Mas ca pra nos, sera que não soa um tantinho arrogante tratar o termo feminino como positivo e o mesmo termo masculino como negativo? Não é o melhor exemplo de igualdade que gostariamos de passar. Tudo bem que existe milhares de casos assim na nossa lingua, sempre em desvantagem para as mulheres (aventureiro e aventureira, por exemplo), mas deveriamos dar um bom exemplo para não dar margem à contradições.

Quando eu estava lendo as criticas do livro Baise-moi na internet, descobri que tem também um filme (dizem que é um sick-movie, realmente perturbador) cuja diretora se define não como feminista, mas como antisexista. Fiquei pensando nesse termo por dias. Ele diz muito mais para o senso-comum que o feminismo e acho que nos define melhor atualmente. A nossa luta de agora não é mais pela antecipação feminina, isso ja aconteceu. Nossa luta é pela total igualdade. Lutamos agora tanto pelo direito de sairmos às ruas sem sermos importunadas, tanto quanto lutamos contra a pressão social sobre os meninos que diz que ele tem que importunar meninas na rua para ser homem. Lutamos pelo direito das meninas demostrarem agressividade tanto quanto lutamos pelo direito dos meninos se mostrarem sensiveis.

A verdade é que não lutamos mais apenas pelos direitos das mulheres, mas dos homens também. Então porque continuar insistindo em um termo que repele simpatizantes e não nos define mais como movimento?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Segundas-feiras







*Post descaradamente copiado da Helô.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A liberdade zombando da igualdade e da fraternidade

Somos obrigados a ter uma opinião sobre tudo, principalmente sobre os assuntos polêmicos. Contra ou favor ao desarmamento? Contra ou a favor à pena de morte? Eu geralmente tenho uma opinião sobre tudo e adoro dar meus palpites. Mas tem certos assuntos que quanto mais eu me informo, mais indecisa eu fico. Por exemplo, até agora eu não sei dizer se acho a intervenção do ocidente na Libia uma coisa boa. Ao mesmo tempo que eu quero muito que aquele palhaço do Kadafi saia de la, eu sei que uma invasão dessas é super perigosa pra população.

O outro assunto do momento que eu definitivamente não consigo formar uma opinião é a proibição da burca na França. Ja falei muito sobre o assunto aqui, e aqui, e até agora não tenho uma posição. Se por um lado proibir uma pessoa de se vestir como ela quer é uma afronta à liberdade pessoal, por outro lado temos que levar em consideração o contexto de opressão das mulheres de burca. Essa é uma velha batalha das feministas francesas. Eu queria muito que as mulheres que usam burca percebessem que elas não são resistentes ou provocadoras, como gostam de pensar. Elas não levantam um debate util. Queria que elas entendessem que jogam anos de luta feminista no lixo, que assumem que são seres inferiores, que se subordinam aos homens. Usar burca não é rebeldia: é burrice. Se é uma escolha completamente pessoal, por que não tem homens que usam a burca? E o pior: se é uma escolha de cada mulher, por que são os homens que organizam protestos contra a lei e ameaçam com ataques terroristas se o governo não voltar atras?


Até hoje eu so vi duas burcas na França, as duas em Saint-Denis, suburbio norte de Paris com grande concentração de muçulmanos. Da ultima vez o vulto preto estava atravessando a rua com um carrinho de bebê e eu, que estava no ponto de ônibus, fiquei olhando pra tentar observar melhor. Levantei de onde eu estava e fiquei encarando mesmo, até porque eu não sabia se ela tinha me visto ou não. Achei estranho que ela parou de repente e ficou imovel. Depois colocou a mão na cintura (acho) e continuou parada. E eu olhando tentando entender o que tava acontecendo. Dai ela retomou o passo e foi embora. So alguns minutos depois é que me veio na cabeça que ela poderia estar me encarando, do tipo "ta olhando o que minha filha?". E eu senti muita pena dela. Porque ela nem foi capaz de demonstrar seu descontetamento com meu olhar fixo, ela sequer pôde protestar contra a minha insistência. Quer dizer, acho que ela até tentou, mas eu não fazia ideia se ela tava olhando pra mim ou pro céu, se ela estava fazendo cara de brava ou não, se a postura dela era de alguém que se sentia agredida ou agressiva. Uma forma de protesto não muito eficaz, convenhamos.

A questão é: sera que uma lei é a melhor forma de combater a burca? Com certeza é a solução mais pratica, não veremos mais vultos pretos andando por ai e assustando as criancinhas, mas a mentalidade continua la. Acho que é a mesma coisa de bater nos filhos pra educar - vai funcionar superficialmente, mas a lição que fica é que ele pode fazer merda se os pais não estiverem olhando. Ja com a conversa, a criança entende porque não deve fazer merda e não vai fazer mesmo se os pais não estiverem por perto.


Os defensores da burca sabem jogar com as armas que o ocidente fornece. Eles não perdem tempo em bradar aos quatro ventos aquele discurso de que não podemos dizer às mulheres o que elas devem vestir, mas são os primeiros a ditar o que elas não devem vestir e fazer e dizer e agir e comprar e comer e pensar. Eles debocham da cara dos humanistas que defendem a liberdade de escolha, cobram coerência, jogam na cara as contradições. E são argumentos dificeis de rebater, porque a linha é tênue e tudo o que você diz pode ser usado contra você. Como se a liberdade tivesse se tornado de repente a bandeira mais preciosa do Islã.

Apenas em casos especificos previamente determinados pelos homens, é claro.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A amiga da travessia

Ainda na onda esportista que anda aqui no blog, estive pensando na primeira (e unica) vez que fiz uma travessia no mar. Eu tinha uns 14 ou 15 anos, ainda competia e estava um pouco receosa de nadar em mar aberto. Gosto de piscinas limpinhas e seguras onde podemos ver tudo o que acontece, sem correr o risco de dar de cara com um peixe - pra ser otimista. A travessia foi em Niteroi, 3km, de Camboinhas até Itaipu. Quase toda a turma estava la, empolgadissima, enquanto as mães e os pais tentavam sabotar a competição: "filho, tem certeza? Se você não quiser ir não precisa, viu?".

A minha largada foi um tremendo fiasco. O mar estava grande e eu, afobada. Dado o sinal, sai correndo, me joguei na agua cheia de motivação e... levei um baita caldo. Levantei toda zonza e percebi que tinha perdido os oculos. Procurei um pouco no meio dos outros afobados, em vão. Voltei pra areia e arranjei outros oculos, de um modelo que eu não gostava e que não se adaptava no meu rosto. Segunda tentativa de passar a arrebentação, ja traumatizada, fui devagarzinho, devargazinho, ja estava quase la quando de repente... achei meus oculos. Quais as chances? Mas e agora, se eu voltasse perderia mais tempo ainda e teria que passar novamente pela arrebentação. Amarrei os oculos emprestados no maiô, em cima do ombro pra não fazer peso e comecei a nadar.

Achei tudo muito estranho, gente se esbarrando em toda parte. Fui me adaptando devagarinho, ultrapassando uns, sendo ultrapassada por outros. A agua estava tão escura que mal dava pra ver a mão. Comecei a pensar: nossa, deve ter um monte de animais por aqui. Sera que tem muito peixe embaixo de mim? E se tiver um tubarão me me rodeando? Fui entrando em leve desespero. Foi ai que eu percebi que tinha um bicho preto enorme agarrado no meu braço. Entrei em pânico. Comecei a gritar involuntariamente em alto mar, sacudindo os braços pro bicho desgrudar de mim, mas quando olhei melhor... era apenas o numero de inscrição pintado de nanquim (que alias deixou uma marca de sol super tentência, pergunte aos meus amigos da escola). Eu em plena adolescência so pensei no mico que estava pagando e tentei disfarçar o melhor que pude. Ainda bem que os outros estavam mais preocupados em nadar e não me deram muita atenção.

Aprendida a lição, me acalmei e fui pegando o ritmo da coisa. O mais dificil era saber pra onde eu estava indo, porque a corrente acabava me levando pra onde ela bem entendesse. Uma amiga foi sem querer pra uma direção completamente diferente e quando percebeu teve que fazer uma volta enorme. Eu fui nadando, pensando em outras coisas, então me dei conta que tinha uma menina nadando do meu lado ha bastante tempo. Sera que eu a conhecia? Sincronizei nossas respiradas, mas não a reconheci. Continuamos nadando juntas, na mesma velocidade, no mesmo ritmo de braçadas, respirando sempre juntas. Aquela parceria foi me dando mais confiança. A gente ultrapassava as outras pessoas uma de cada lado, depois nos juntavamos novamente. Se alguém queria passar entre a gente, nos nos juntavamos e obrigavamos a pessoa a passar pelo lado. E seguimos assim.

Mas teve um momento em que eu ja não aguentava mais. Estava cansada e os oculos amarrados no maiô estavam me machucando. Fazer uma ferida por atrito na agua salgada não é muito recomendado pra quem faz travessia (e pra quem não faz também). Estava doendo pra caramba. Tentei continuar pra ficar com minha nova amiga, mas não deu, estava exausta e dolorida. Precisava muito descansar. Bom, paciência, eu seria mais uma a quem ela ultrapassaria, pelo menos ela saberia que era mais forte que eu. Competição é competição. Parei. Tirei a cabeça da agua. Ela parou também. E gritou "bora, bora! Continua". E eu obedeci.

Eh engraçado quando a gente acha que esta no limite das forças, que não da mais mesmo, e na verdade o que falta é apenas uma razão pra continuar, um pequeno incentivo, alguém que diga, vem eu confio em você. E eu continuei nadando com ela, as duas lado a lado, incentivando uma a outra, até o final da travessia. A chegada foi brusca. Depois de passar tanto tempo na calma do mar, no silêncio, controlando limites numa luta interna e externa que te exigia toda a concentração, chegar na areia da praia de pernas bambas, ouvir aquele barulho todo era muito estranho. Parecia o caos e eu ouvia gente me oferecendo agua, gatorade, frutas, gente me dizendo que eu tinha que passar na mesa e dar meu nome, mães ansiosas querendo saber se seus filhos iam chegar vivos e inteiros. Demorei uns minutos pra me acostumar e quando olhei pros lados pra procurar minha companheira, não achei.

E quase 15 anos depois da travessia, a lembrança desse dia que continua mais forte minha memoria é essa amizade fugaz, a mais rapida de toda minha historia.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Piquenique da Porte Dorée



Aposto que todo mundo que mora na França esta tão euforico quanto eu com essa primavera com cara de verão. A gente tem a impressão que valeu a pena esperar seis meses de frio pra poder curtir esse calorzinho bom demais. Esse fim de semana os parque estavam lotados, todo mundo se camiseta, brincando com agua, sorrisão na cara, suor escorrendo pelo rosto. Em quatro ano de Paris, nunca vi o Bois de Vincennes tão cheio! Tinha uma fila imensa pra andar nos barquinhos, nunca vi isso minha gente!

Tem tanta luz de repente que fica dificil até abrir os olhos na rua, eu que ja estava acostumada à escuridão do pôr do sol às 5h da tarde. Agora o sol esquenta de verdade e fica com a gente até às 9h da noite! Eh muita felicidade pra uma pessoa so! Bora dividir, né pessoal?

Convido leitores, blogueiros, amigos e simpatizantes para um super piquenique na Porte Dorée. Ja fizemos um, deu super certo. Sera sabado, dia 30 de abril, às 13h da tarde. Reservem na agenda, combinamos os detalhes quando estiver mais proximo. O legal é que também esta rolando a Foire du Trône, então quem quiser ainda pode dar uma voltinha de montanha russa.

Tragam comidinhas, bebidas, filhos, namorados, raquetes de badminton e o que mais der na telha. Eu sei que tem muita gente que lê o blog e não comenta, então não se intimidem, é pra todo mundo vir mesmo! O objetivo é justamente conhecer mais gente bacana que mora em Paris. Tragam amigos!

*Mas atenção, se a previsão do tempo não for favoravel, o piquenique sera adiado. :/

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os beneficios da corrida e um desafio



Três meses de corrida e uma grande surpresa: o troço é bom pra caramba. A chegada da primavera so ajuda: quando abro a janela e vejo aquele céu azul, morro de vontade de sair e dar uma volta no parque. Ja quase abandonei o casaco de vez e o alongamento do fim deixou de ser aquela tortura glacial, ao contrario, é muito bom alongar enquanto o solzinho te esquenta.

Fiquei realmente impressionada com os beneficios que a corrida me trouxe e por isso quis dividir minha experiência aqui no blog. A corrida afetou praticamente todas as areas da minha vida. Primeiro, o obvio: emagreci. E isso sem fazer o menor esforço com a comida, pelo contrario, tenho comido bem mais. Como mais doces, mas também como mais frutas e legumes. Não sei até que ponto é fisico ou psicologico, o negocio é que eu tenho tido vontade de comer coisas mais saudaveis mesmo. Em dois meses eu senti muita diferença nas minhas pernas, elas ficaram tão mais durinhas. Diria que perdi 70% das celulites. Também perdi gordura no corpo todo e eu tenho a nitida impressão de ter perdido 5kg em cada bochecha. Até a minha pele melhorou!

Depois tem aquele bem-estar que o esporte proporciona. Eu corro e fico me sentindo disposta e bem-humorada o dia inteiro. No inicio eu fiquei bem menos ansiosa, mas depois tudo voltou ao normal e eu voltei a ser aquela pilha de ansiedade de sempre quando estimulada, esse problema a corrida não solucionou. Aqui na França tem uma expressão que acho que não usamos muito no Brasil: higiene de vida, que quer dizer cuidar de você mesmo, se organizar, cuidar da saude, levar um estilo de vida mais saudavel. E não consigo pensar em expressão melhor pra explicar a mudança que tem me ocorrido nos ultimos meses - é isso, minha higiene de vida melhorou. Porque se antes eu acordava 8h30 e passava as manhãs na internet antes de ir pro trabalho, hoje eu acordo às 7h30, vou correr e quando volto, volto ativa, querendo fazer algo de util. O meu tempo ficou mais precioso.

Tenho corrido dia sim, dia não, 6km cada vez, o que da uns 40 minutos. Minha meta é participar de uma corrida de 10km em junho, no castelo de Vincennes.

Estou gostando tanto, mas tanto de correr, que estou fazendo a maior propaganda. Falo tão empolgada que quem vê de longe acha que eu tô tentando convencer a pessoa a entrar pra uma seita ou algo assim. Dai minha amiga Tati veio me dizer que queria correr, mas não tem tempo, nem disposição. Ela disse que tenta acordar cedo pra correr 1h, mas não consegue. E eu respondi que se eu tivesse que acordar pra correr uma hora, eu também não iria. Imagina ela que esta apenas começando! Não da pra ir com muita sede ao pote, porque primeiro que o corpo não vai aguentar, não é Luci? E depois, não adianta nada fazer planos grandiosos antes de dar o primeiro passo.

Falei pra ela: "Tati, eu te garanto que se você correr 20 minutos, três vezes na semana, seu corpo vai se transfomar em dois meses". Não é tão ruim acordar pensando que vai correr 20 minutinhos, né? Da até pra dormir mais uma meia horinha. Dai ela topou o desafio e topou que eu escrevesse sobre isso aqui no blog. Daqui a dois meses a Tati vai voltar aqui e vai nos contar o que aconteceu com ela. A unica regra é regularidade - não pode faltar. Ela ainda tem o agravante de ser fumante, de não gostar de acordar cedo e de estar bastante tempo parada. Olha a responsabilidade heim, Tati! (nada como uma boa motivação).

Se alguém também quiser aceitar o desafio e escrever um post aqui no blog contando a experiência, sinta-se convidado.

*Update: a Mariana recomendou esse video nos comentarios, incrivel!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mulheres na eleição 2012

No ultimo post, a Lola, perguntou por quê as candidatas francesas estão perdendo espaço nas eleções presidenciais do ano que vem. Ela citou a Ségolène Royal e a Martine Aubry e lembrou que a França nunca teve uma presidente mulher.

Engraçado como nem sequer tinha passado na minha cabeça essa luta de gêneros na politica francesa. Mas é porque acho que ela não tem espaço. O fato de ser mulher não é uma desvantagem, nem uma vantagem na vida publica, acho realmente que não tem a menor diferenciação. Sim, parece meio incoerente dizer isso sabendo que nunca uma mulher foi presidente, mas eu acho mesmo que é so uma questão de tempo. Se o PS se decidir pela Aubry, na proxima eleição teremos três candidatas de peso: a propria Aubry, a Le Pen e a Eva Joly. Menção honrosa para a Arlette Laguiler, candidata de extrema-esquerda que detém o recorde de candidaturas em eleições presidenciais: seis, com a sétima a caminho. Ela não tem chances não por ser mulher, mas porque os partidos comunistas geralmente não têm muitos votos.

Então o problema não é representatividade. Elas estão no poder, da extrema-direita à extrema-esquerda. Elas são ativas e militantes, cada qual com sua luta, como expliquei em detalhes neste post convidado no blog da Luciana. O unico partido grande que não tem uma possivel candidata mulher é justamente a UMP, o partido do governo, que parece insistir num Sarkozy completamente rejeitado pela população.

No caso especifico do Partido Socialista e a diminuição da popularidade das duas candidatas (Royal e Aubry) em favorecimento de Dominique Strauss-Kahn é simples. Strauss-Kahn pertence ao PS, mas na verdade ele segue uma linha mais de direita - o cara é diretor geral do FMI, oras! - então ele rouba votos do Sarkozy, coisa que as duas canditatas, mais de esquerda, não conseguem. Os eleitores do Sarkozy estão decepcionados e procurando alternativas. Então entre um candidato classico do PS e a extrema-direita, eles preferem a extrema-direita da Marine Le Pen. Mas se eles tiverem a opção de votar numa esquerda mais endireitada, que é justamente a proposta de Strauss-Kahn, muitos iriam com o PS. Isso faz com que a preferência geral dos franceses caia sobre o diretor geral do FMI, mas não quer dizer que a preferência do PS seja ele. Os filiados socialistas não querem Strauss-Kahn, porque simplesmente ele não os representa. Então o PS vai ter que tomar uma decisão estratégica importante: ou seguir firme aos principios do partido e indicar Martine Aubry ou correr menos riscos de perder a eleição com Dominique Strauss-Kahn.

Ségolène Royal ja saiu da corrida porque não tem as qualidades necessarias para ser presidente. Pessoalmente acho que foi um erro apresenta-la da ultima vez. Ela não tem carisma, não tem jogo de cintura,  não é durona, não sabe falar em publico (seus discursos dão vergolha alheia, são piores do que minhas apesentações orais no mestrado quando eu não falava francês direito). Parece que ela esta sempre meio perdidona, insegura. Muita gente tem verdadeira antipatia por ela.

Então o fato delas serem mulheres não interfere em nada nesse caso. Justamente como deveria ser, né? E pensando bem, ha chances de irem duas mulheres para o segundo-turno: se o PS escolher Aubry e a UMP insistir em Sarkozy, é bem provavel que Marine Le Pen (extrema-direita) e Martine Aubry disputem a presidência. E claro que o PS ganha. Não seria nada mal, heim?
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