segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Realidade pra uns, piada pra outros

Na França assisto bem mais televisão do que no Brasil, acho a programação daqui incomparavelmente melhor. Quero dizer, nos programas produzidos aqui mesmo, porque na importação de filmes e séries, o pais ta bem atrasadinho. Tem umas séries policiais dos anos 70 que ainda fazem sucesso, inacreditavel. Mas uma parte razoavel da programação francesa é boa e um dos meus programas preferidos é o Le grand journal, do Canal Plus, que é tipo um Jornal Nacional do século 21, com muita interatividade, convidados, debates, e muito humor. (pensando bem eu prefiro que as séries sejam dos anos 70, do que o modelo de jornalismo...). E dentro do GJ tem um quadro de humor que se chama Le petit journal, que também adoro.

O Petit Journal é do tipo que faz piada até com a mãe, se ela der um bom motivo. Eles zoam o Sarkozy até não poderem mais. Sempre morri de rir, apesar de achar que às vezes eles pegam pesado demais. Mas é aquilo, a gente vai rindo, vai rindo, até o momento em que decidem fazer a piada com a gente, dai a brincadeira perde a graça. Pois hoje eu não ri.

A produção do programa esta no Brasil, com a desculpa de cobrir as eleições, mas na verdade procurando motivos para rir em cima dos estereotipos brasileiros. As primeiras imagens são todas de bundas. Depois tem a piadinha do reporter dando em cima da brasileira na praia. E então eles começam a falar das eleições e entrevistam dois candidatos. O primeiro é um militar gay, que até que foi bem light, e a segunda é a tal da mulher-melão. E eu morri de constrangimento. Morri de constrangimento porque o programa não precisava inventar piadas pra cena ficar engraçada, a piada era simplesmente a nossa realidade.

E eu não me sinto nenhum pouco confortavel defendendo o argumento que a mulher-melão é exceção e eles so mostram isso pra ficar engraçado ou dar audiência, porque pra mim, se existe uma mulher-melão candidata, ja mostra que alguma coisa não vai bem. E ca pra nos, a gente sabe que ela não é uma exceção. Não tem como explicar a presença dela na campanha eleitoral para um francês, ja que aqui na França é impensavel acontecer uma coisas dessas. Simplesmente não existe. Eles tiveram a confirmação de que o Brasil não é um pais sério.

Hoje fomos o motivo das risadas dos franceses, apenas o primeiro dia de uma longa série que esta chegando. Até o fim de semana meu coraçãozinho vai ser muito maltratado. Ja estou até vendo o Tiririca com sua legenda: "O que faz um deputado? Eu não sei!". A gente da ou não da a piada pronta?

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O programa fica disponivel alguns dias aqui. Eles começam a falar do Brasil um pouco antes dos quatro minutos.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Isaac, le pirate

Estou trabalhando de baba numa casa que tem uma estante magica. Na primeira vez que entrei na casa, os pais foram logo falando "fique à vontade, mexa em tudo, pegue livros, leia os HQs se tiver vontade, aqui desse lado tem os DVDs, use internet quando quiser". Nunca fui tão bem recebida! So faltou ela dizer "abre a geladeira e devore tudo que desejar, aqui nesse armario ficam os chocolates", mas ai seria querer demais, né? Quando fiquei sozinha fui dar uma espiada na tal da estante. Fui descobrindo varios livros que eu queria ler, depois varios filmes que estou ha séculos para assistir e o melhor de tudo: muitos, mas muitos BDs (quadrinhos franceses, ja falei sobre eles aqui).

Aquela estante é um sonho. Poderia passar minhas férias ali. Parece que foi feita especialmente para mim. Espero as crianças dormirem (e elas dormem mais de 2h por dia!) e vou direito pegar meu escolhido da vez.

O primeiro escolhido foi um BD que se chama Isaac, le pirate. Peguei assim totalmente por acaso, gostei do desenho e das cores, nada muito tumultuado, nem traços simples demais. Tinha todos os cinco volumes na prateleira. O quadrinho, que se passa no século 18, conta a historia de como um pintor sem dinheiro vai parar por acaso num barco de piratas para registrar, a pedido do capitão, as aventuras e descobertas deles. Isaac deixa pra tras Alice, sua namorada de infância, sempre na esperança de reencontra-la. A historia é viciante! Tudo é bem realista, mas sempre com um toque de humor. O autor consegue captar o humor que existe na essência humana, entende? Tipo a capa ai do lado: um bando de marmanjos brutos, cruéis e barbaros, se comportando como meninos diante de algo novo e delicado. Estão curiosos, olhando o desenho de Isaac. Morri de rir quando os piratas viram um pinguim pela primeira vez e se juntaram pra tirar sarro do andar do bicho, como umas crianças grandes. O interessante é que não é uma historia fantastica sobre piratas, suas aventuras extraordinarias e tal, mas uma historia perfeitamente possivel e muito humana. Nem sei como o autor entende tanto do assunto, porque tudo faz sentido. Detalhes que a gente nunca tinha pensando antes, são mostrados com simplicidade no BD.

So tem um pequeno problema: o autor ainda não terminou a série e descobri isso da pior maneira possivel. Estava no fim do quinto volume e comecei a me preocupar. Olhava as poucas paginas que faltavam pra terminar e pensava "ué, ele não vai conseguir fechar a historia em tão pouco tempo, o que sera que vai acontecer?" e a cada pagina virada, o fim ia ficando mais improvavel, até que  no finzinho li: "à suivre...". Merda! Fui procurar na internet e descobri que a série foi escrita de 2000 à 2005, ou seja, um por ano! E desde 2005 o autor não fez nada para diminuir angustia de Isaac. Vi gente propondo boicote - não comprem nenhum BD do autor enquanto ele não terminar Isaac! Vi também propostas de manifestações na Champs Elysée. Acho digno.

Ha rumores recentes de que a série vai virar filme e que o final so vai ser conhecido na animação. Parece que estão acertando tudo esse ano. De qualquer forma, o que vale mais não é saber como a historia termina, porque a aventura por si so ja vale a pena. Algo parecido com Lost, sabe? Que eu preferiria até que não tivesse tido fim, do que ter um fim mediocre daqueles.

Fica a dica!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mulher-aranha

Um dos pontos positivos de Paris, em relação ao Rio, é que aqui as pessoas se exercitam por prazer, não pela estética. Em Paris não existe o virus da academia. Não se vê bombadões andando pela rua. Eu pelo menos so vi um e desconfio que era brasileiro. Em compensação, as pessoas são mais magras, de maneira geral. A diferença, além da alimentação, é que os parisienses não puxam ferro, eles fazem esportes, o que é bem mais estimulante a longo prazo. Muitas opções são oferecidas, não so para aqueles de espirito esportivo, mas também para aqueles que não têm jeito para a coisa, são desengonçados e tropeçam na primeira bola que lhes aparece pela frente. No Rio eu nunca vi oferecerem para adultos sem pratica a possibilidade de aprender judô, vôlei, handball, badminton ou trampolim (sim, são aquelas camas elasticas, eles têm aula de trampolim e parece ser super divertido!). E tudo a preços modicos, pra não excluir ninguém. A prefeitura cede o espaço, e tem muitissimos espalhados pela cidade, e as associações esportivas se organizam com o material, os professores caso necessario e os horarios.

Dai que cheri e eu resolvemos fazer escalada. Depois de providenciarmos nossos atestados médicos, fomos uns dos ultimos a conseguir vagas. Hoje a lista de espera tem mais de 50 nomes: escalada é in. No primeiro dia, marquei com o cheri uma hora e acabei chegando 15 minutos mais cedo. Grande Erro.  Foram 15 minutos de terror. Estava sentada numa varanda que da pra ver o muro de escalada inteiro, mas sem ter que fazer a social la embaixo, então fiquei observando, petrificada, o que eu teria que fazer em breve. Gente, aquela parede estupida era muito alta! "Puta-que-pariu-por-que-fui-pagar-essa-merda-de-escalada". Eu que sou uma pão dura miseravel, quer dizer, uma pessoa economicamente responsavel, fiquei num dilema gigante: perder o dinheiro da inscrição (a gente ja paga o ano todo) e salvar minha vida ou encarar o muro e correr o risco de me espatifar.  Sabia que deveria ter escolhido o trampolim! Fiquei amaldiçoando o momento em que eu disse, descontraida: "olha cheri, escalada, bora?". Na hora não pensei na pratica em si, apenas que seria legal fazer um esporte tão cool. As 50 pessoas na lista de espera me confirmaram isso. Olha que pessoa descolada que eu seria!

Cheri chegou e eu fingi que era uma pessoa equilibrada. Fiz so uma tentativa fraquinha pra ver se trazia ele pro meu lado: "viu como é alto?". Ele disse aham, empolgado, e ja foi logo procurando um vestiario pra trocar de roupa. Eu fui atras. Na teoria não tem professor, são os mais experientes que ensinam os novatos as técnicas, os macetes e as regras de segurança. Mas na pratica, eles são professores que não ganham salario. A primeira vez que subi so fiz 2/3 do muro e quando o professor me perguntou por quê parei, disse que fiquei com medo. A solução dele foi colocar uma venda nos meus olhos e dizer, "agora sobe", pro meu desespero. E não é que deu certo? Fui melhor escalando cega do que vendo o chão la longe.

A segunda sessão foi bem legal, porque era domingo e não tinha muita gente. Fui pegando gosto pela coisa. Ficamos la três horas, que voaram sem a gente perceber! Sai de la me achando o maximo, so porque consegui fazer umas manobras basicas. Teve até direito a tapinha nas costas do cheri, sombrancelha levantada e ar esnobe dizendo "lembra da outra vez que eu fiquei com medo de subir até o topo, ha-ha". Mais ou menos como quando uma criança de 6 anos diz "lembra quando eu era pequena e aconteceu isso e isso?". Bom, o negocio é que a coisa ta indo, tô perdendo o medo e conseguindo fazer algum progresso. Ja comprei até a sapatinha, olha que investimento! Se eu sobreviver às quedas, continuo dando noticias.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mulheres não são pessoas, são pessoas de saias

O site de informações francês Rue89 publicou uma reportagem muito interessante sobre como os sinais indicativos dos banheiros femininos e masculinos denunciam todo o machismo da nossa sociedade. Vou tentar reescrever aqui as principais ideias do texto, ja que a maior parte dos leitores do blog não fala francês. De qualquer forma vale ir no site para ver todas as fotos.

A matéria separa as plaquinhas em diferentes categorias. A primeira categoria é talvez a mais popular, quando identificam o homem como o universal e a mulher como apenas uma variante sua. São aqueles classicos sinais que representam o homem como uma pessoa e a mulher como uma pessoa, de saia.



No Irã, as mulheres são pessoas com véus:


As vezes, os homens são pessoas e as mulheres são pessoas com cintura:


Por fim, uma placa que conclui descaradamente o que esse modelo pensa das mulheres: os homens são pessoas e as mulheres não são homens, então elas não podem ser consideradas exatamente "pessoas", né? Mas porque querer ser uma pessoa quando se pode ser uma flor tão bela e delicada?


Uma outra categoria é quando mulher e homem são diferenciados pelas suas atitudes desejadas. As poses esperadas de cada um, o comportamento distinto que um homem e uma mulher devem ter:


Os homens sempre viris e dominantes e as mulheres sempre doces, reservadas e submissas. Acho essa ultima placa muito reveladora: a mocinha de olhos fechados, cabeça baixa, sem boca e o garotão de tatuagem, exibindo os musculos, com um sorrisão na cara.

Existe também a categoria que afirma que homens têm pintos e mulheres têm peitos. Os seios femininos muitas vezes são considerados o equivalente feminino do pênis.


Até tem alguns banheiros que fazem a diferenciação entre penis e vagina, mas são raros.

A placa seguinte reune varios modelos que ja vimos:


Ela mostra o homem como universal e a mulher como sua variação de saia e batom. Também tem a distinção anatomica de um penizinho e uma vagininha. E ainda contém uma expressão de gênero: no balãozinho feminino esta escrito "shopping" e no masculino "football".

Algumas placas reafirmam os preconceitos de comportamento sexual que a sociedade tenta impôr. O heterossexual masculino é considerado como predador, ao ponto que as pessoas reconheçam a situação representada e achem graça na brincadeira.


Essa representação serve como desculpa para os homens efetivamente predadores e serve até como um incentivo para aqueles que não são.

A separação de banheiros por gênero presume que os usuarios são todos heterossexuais e que os homens são agressores pontenciais, enquanto as mulheres são seres passivos e vulneraveis. Além, é claro, de exluir os transexuais, travestis e afins.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Minha visão de paraiso

Tenho um sonho impossivel. Quero dizer, tenho varios sonhos impossiveis, mas um deles é morar numa cidade com todas as pessoas bacanas que ja cruzei por ai. Acho que a maior vantagem de se viajar e morar em varios lugares diferentes é também a maior desvantagem: a gente conhece o lado bom de tudo, mas sabe que não pode ter tudo de bom ao mesmo tempo, e isso inclui as pessoas.

Lembro que na primeira vez que sai do Brasil, na Australia, fiquei encantada com o monte de gente diferente que conhecia. No inicio pedia o email de todo mundo, eles eram tão legais que eu não podia de jeito nenhum perder contato! Um email anotado, dois emails, três emails, dez emails, trinta emails. Mas... quem é Tom mesmo? E Emily, sera que é aquela ruiva? E esse email aqui ta até sem nome, acho melhor jogar fora. E assim fui me desapegando da ideia de tentar manter contato, pois me dei conta de que nunca iria mandar email para aquela gente. Nossos encontros eram temporais, casuais e sem futuro. Seja nossa relação uma simples conversa no hall do albergue, ou dois meses de viagem em comum.

Engraçado que quando conheci o cheri ja estava nessa onda de desapego. Mas depois de algumas semanas com ele comecei a pensar que seria muito triste ter que deixa-lo e nunca mais vê-lo. Seria um desperdicio, até. Sorte a nossa que nossos planos se cruzavam perfeitamente, então pudemos ir adiando a separação até um ponto que decidimos que não queriamos nos separar. Mas não sei o que aconteceria se não estivessemos indo pelo mesmo caminho por acaso, porque a ideia era não fazer muito esforço, mas deixar rolar do jeito que ia. Não sei até onde deixamos o acaso dar as cartas para assumir de vez nossas vontades e fazer sacrificios. Mas tenho quase certeza de que se a sorte não tivesse contribuido e tivessemos que fazer sacrificios desde o inicio, não estariamos juntos hoje.

O cheri é o companheiro que escolhi para viajar comigo em permanência. Todas as outras pessoas tenho que deixar ir, por mais que eu as quero perto de mim. E também não posso mudar meus planos para viver perto delas. Eh a vida. E quanto mais gente bacana você conhece, mais a saudade é grande. Por isso meu sonho secreto e egoista é conseguir reunir todas as minhas pessoas queridas numa cidade so, ou melhor, na mesma vizinhança, onde possamos nos encontrar todo dia, nos reunir pra jogar cartas ou falar abobrinha. Claro que todo mundo ia se dar bem, afinal, como minhas pessoas preferidas poderiam não amar loucamente umas às outras se todas elas são tão, mas tão, tão gente boa?

O ideal seria uma comunidade meio hippie, assim no meio do mato mesmo. Mas com computadores e internet, logico. Uma vida de subsistência, bem tranquila, muitos livros espalhados, muitos quadros dos amigos artistas e musica dos amigos da musica. Interminaveis discussões sobre politica e religião. Nem uma palavra sobre futebol, claro. Estudariamos historia em coletividade. Poderiamos até formar um clube do livro, olha so que boa ideia. Os solteiros eu ia logo juntar com quem achasse melhor. E assim a gente viveria todos juntos, felizes e em paz.

Estaria presente muita gente. Aqueles com quem eu estudei, nadei, brinquei e dividi um pedacinho da minha infância. Aqueles com quem compartilhei minhas angustias, chorei no ombro, gargalhei, dancei até o amanhecer, experimentei coisas novas, aquele à quem eu dei meu cordão pra nunca mais esquecer, aqueles com quem eu passava fins de semanas inteiros em raves, aqueles que eu abraçava com força e amor, aqueles que me levavam pra cachoeira gelada depois da festa. Estariam também aqueles com quem eu descobri o prazer da liberdade, das viagens, aqueles com quem me comunicava por gestos, aqueles que me mostravam no mapa suas cidades de origem, la longe. Aqueles que falam japonês. Aqueles que deixaram uma expectativa de amizade que não teve tempo de se concretizar. Aqueles novos amigos virtuais, que pouco a pouco se tornam reais. Estariam presentes alguns daqueles com quem eu bebi, com quem eu morei, aqueles que eu levei pro mal caminho, aqueles que eu beijei, aqueles com quem eu apontei estrelas, aqueles que adoram Nutella, aqueles por quem enfrentei longas viagens de ônibus, aqueles com quem briguei e fiz as pazes, aqueles que eu mandei cartas, aqueles que eu anotei os emails e não escrevi.

Aposto que ninguém nunca ia reclamar do barulho numa vizinhança dessas.

domingo, 12 de setembro de 2010

Partidos daqui, partidos de la

Sempre admirei a coerência politica francesa, apesar de alguns franceses baterem o pé e dizerem que na França não existe mais coerência politica. Eu rio: eles dizem isso porque não conhecem o Brasil de perto.

Pra começar, na França todo mundo tem uma orientação politica. As pessoas se assumem de esquerda ou de direita, com toda a carga ideologica que essas definições carregam, e sustentam suas decisões de acordo com essa escolha politica. Aqui a coisa é simples: a esquerda é social, a direita é econômica; a esquerda se baseia na igualdade, a direita na meritocracia; a esquerda defende os direitos da minoria, a direita defende os interesses da familia e da propriedade. E tudo segue nos eixos. O bipartidarismo que existe na França facilita bem as coisas. O PS (Parti Socialiste) é o partido de esquerda, a oposição atualmente mergulhada na crise e a UMP (Le Mouvement Populaire) é o partido da situação, assumidamente de direita. Claro que existem outros partidos, mas eles são bem menores e pouco representativos, apesar de que talvez o partido verde cresca bastante nas proximas eleições. Mas todos eles são igualmente logicos. O PV é radical de esquerda com ênfase no meio-ambiente, os partidos comunistas são, adivinhem, comunistas e o Front National é a extrema-direita, contra os imigrantes, os pobres, os gays.

As pessoas conhecem as posições dos partidos sobre os assuntos polêmicos (é bom lembrar que aborto ja deixou de ser um assunto polêmico - a legalização foi feita ha 40 anos e nem a extrema-direita ousa a ser contra a medida). E todos os partidos têm propostas de mudanças muito claras. Eh verdade que tem muita gente reclamando de incoerências, principalmente no PS, que parece ter perdido completamente o rumo depois de sua derrota nas ultimas eleições. Parece que seu programa de governo não contém propostas dignas de um partido socialista, o que vem irritando muitos filiados. Por exemplo, um possivel candidato do partido à presidência em 2012 é Dominique Strauss-Kahn, diretor geral do FMI, um cargo nada socialista.

Mas nada disso chega perto da bagunça eleitoral que é o Brasil e nessa época isso fica bem evidente. Pra começar, o partido de oposição de direita tem o nome de Partido Social Democracia Brasileira, que de social não tem nada. Mas ninguém sabe exatamente quais são as propostas dele. Ficam na duvida se criticam o governo ou se se comprometem a dar continuidade à atual administração. E então por algum motivo obscuro o candidato dessa oposição tenta fingir que é o sucessor da situação! Eh muita falta de consciência politica! Contando isso na França ninguém acredita. A Marina, do Partido Verde, na minha opinião é a contradição mais grave dessa eleição. No mundo todo o PV é conhecido por sua defesa das liberdades civis e individuais: casamento gay, aborto, eutanasia, legalização das drogas, etc etc etc. Dai chega a Marina, evangélica, e decide que é contra isso tudo. Cadê a coerência?? Extrema-esquerda contra minorias? Parece que ela esta tentando consertar a situação, mas não acho que esteja funcionando.

Mesmo o PT faz alianças doidas com partidos e candidatos que não têm nada a ver com sua linha politica so pra ter mais tempo de horario eleitoral ou outras mixarias. Não faz o menor sentido. Mas pelo menos o PT é o unico partido que tem cara de partido, que as pessoas reconhecem uma certa logica administrativa, um discurso e uma continuidade. Por isso a Dilma esta tão na frente, porque o povo entendeu que vale muito mais a pena votar num partido do que num candidato e o unico que oferece essa possibilidade é o PT. A oposição vai precisar aprender que o povo evoluiu e não engole mais as mentiras que tentam lhes empurrar guela abaixo, ela vai precisar se reestruturar e apresentar um plano de propostas sério, sem sujeiras, sem tentativas de fazer a população de besta (sai o silva e entra o zé?!). Mas eu aposto que essa oposição não vai surgir da direita, que ainda vai precisar de muito tempo pra entender que o povo não é bobo, mas do outro lado, da extrema esquerda. Ela vai entender mais rapido as mudanças que estão acontecendo no Brasil, vai seguir o exemplo de outros paises e vai saber se organizar bem antes da direita. Suspeito que a extrema-esquerda sera a verdadeira oposição de 2014.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A moda em tamanho grande

Acho otimo que finalmente alguns setores da moda estejam dando mais atenção às gordinhas. Ja vi reportagens sobre modelos de 90kg e estilistas costurando em tamanhos bem mais generosos. So conseguia pensar "mas como ninguém tinha feito isso antes?", porque mercado ha de sobra. O problema é que em algumas tentativas, a marca ofende justamente seu publico alvo.

Nas ultimas semanas tenho visto varias propagandas de uma marca de lingeries que se chama Sans Complexe. Ela vende em tamanhos grandes e joga a carta da aceitação do corpo. O problema é que todas as modelos que ela diz serem gordinhas, são magras! Tão contra-producente...

"O tamanho manequim esta ultrapassado"

Se você for enorme de gorda como essa modelo, pare de se preocupar!

Coitada da Elodie, era tão complexada por ter esses peitões...
Porque a gente sabe que a pressão para seios pequenos é enorme, não é?
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