sábado, 4 de outubro de 2008

Abaixo às domésticas!

A maior diferença entre Brasil e França, para mim, com certeza é a grande igualdade social so segundo (claro que não é perfeito, as periferias de Paris estão cheias de excluidos, mas comparado com o Brasil ta muito bom). Aqui, o pedreiro da obra ganha quase o mesmo que o engenheiro. Eu, por exemplo, conseguiria sobreviver no Rio com um salario de baba, pagando apartamento e todas as outras contas? Um reflexo imediato dessa igualdade é um fato que deixaria as madames brasileiras de cabelo em pé: na França não existe empregada doméstica. Existe sim, faxineira, paga 13 euros por hora, mas empregada que dorme na casa, faz comida, limpa a casa, cuida das crianças, ha-ha!

Abra os classificados imobiliarios de algum jornal brasileiro. Todos os apartamentos têm dependências de empregadas. E a prova maior da desigualdade social no pais. Honestamente, eu sinto vergonha dessas coisas. O pior é que ninguém quer ver essa situação, pois até quem defende a igualdade, os direitos humanos, um discurso todo de esquerda, muito bem decorado, tem la, a sua empregadinha pra recolher suas meias do chão. Na França isso tem um nome: escravidão.

Eu como baba trabalho 10 horas por dia na casa dos outros, mas chega 7h da noite fico feliz de poder voltar pra minha casinha e fazer o que quiser. As empregadas do Brasil que moram com seus patrões não têm nenhuma liberdade 24h por dia! Mas ai ouço os patrões se defenderem dizendo que quando chega o fim de semana, elas preferem nem ir pra casa. Mas isso é mais triste ainda! Imagina o estado da casa delas, se elas preferem nem voltar la! Se elas vivessem em condições dignas, com certeza gostariam de ir. "São praticamente da familia", dizem eles. Não, não são.

Não estou dizendo que a culpa é dos patrões. A culpa é do sistema em que vivemos. So estou querendo mostrar o que ninguém quer ver. To um pouco revoltada hoje. ;)

Empregada é um mal necessario? Ouvi dizer que o minimo que devemos como seres humanos é sermos capazes de limpar nossa propria sujeira.

4 comentários:

Tomás disse...

Concordo!
O monstro SIST ja tomou conta do mundo! E sem mentiras, nao vejo como reverter esta situaçao. A nao ser que surgisse uma rebeliao generalizada, partido dos orgaos publicos e privados. Todos lutando pelo bem comum de todos. Mas, houve outrora um messias que tentou espalhar o amor e a fraternidade, mas o egoismo ja tomou conta do planeta.

Tomás disse...

ahahaha agora que fui ler o que escrevi! Nao fui muito claro pelo fato de eu estar chapado no momento e acabei atropelando varias ideias. Mas fica ai o recado.

Marilia Monnier disse...

Fantástico!
Sou sua "fã"!

Rackel disse...

Hei, tem certeza q não tem empregada na França???

Eu conheço uma brecha nessa lei aí, pq toda lei (principalmente na França) tem lá a sua brecha...

E essa brecha na igualdade francesa são as "filles au pair". As au pair são estudantes q vem pra frança trabalhar tomando conta de crianças em troca de casa, comida e um argent de poche (que é presque rien pras familles daqui). Enquanto as crianças estão na escola, elas podem fazer um curso de frances (pagando com seu proprio argent de poche, claro).

Eu dei sorte pois sou fille au pair e estou numa famille super sympa, do balieu de Paris, mas conhece histórias de meninas q eram tratadas muito pior q qq empregada doméstica no Brasil, tendo q fazer todo o menage da casa, cuidar das crianças e inclusive cozinhar para os pais (não faz parte do programa fazer as coisas para os pais, só para as crianças)...

Eu não defendo a desigualdade q temos no Brasil, pelo contrário, fico com vergonha disso tb, mas a França não é essa perfeição toda q nos fazem acreditar não, viu!

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