terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Mães indignas

"Ironia da historia: no momento em que as mulheres ocidentais conseguem se livrar do patriacardo, elas encontram um novo chefe em casa"
Acho que esta é frase que melhor resume o novo livro da feminista francesa Elisabeth Badinter, Le conflit - la femme et la mère (O conflito - a mulher e a mãe). Fraldas lavaveis, amamentação obrigatoria, parto com dor, co-sleeping, volta ao lar, são alguns dos alvos de Badinter. Segundo ela, a "maternidade naturalista", que vem ganhando força na França (e no mundo) nos ultimos anos, é a mais nova forma de opressão às mulheres.

O livro vem sendo alvo de muitas criticas, inclusive de outras feministas que dizem que Badinter esta lutando contra a guerra errada. Como trabalhei durante dois anos como baba aqui na França, pude observar muitas familias de perto e como cada uma lidava com essas questões. Tive a sorte de pegar mães e pais muito gente boa em quase todos os casos e geralmente os pais participavam do cotidiano dos bebês tanto quanto as mães. Em todas as vezes as mães trabalhavam fora e alimentavam seus bebês com leite de latinha, exceto uma, que tirava o leite no trabalho e guardava na geladeira. Os pais davam banho, alimentavam, colocavam pra dormir e dividiam as tarefas domesticas com as mães. Elisabeth Badinter diz que essa igualdade entre o pai e mãe foi conquistada justamente por causa da mamadeira e dos outros avanços da modernidade e que o retorno à maternidade naturalista é um retrocesso na maneira de cuidar do bebê, que o priva do contato com o pai e sobrecarrega a mãe.

Essa nova corrente de feminismo coloca a mulher acima dos homens, dizendo que a feminilidade é uma virtude enorme cuja maternidade é o centro. Somente a mãe sabe das necessidade do bebê, somente a mãe pode dar tudo o que o bebê precisa e o pai deve apenas apoiar a mãe na sua nova função. No livro de Edwige Antier, Confidences de parents, citado na obra de Badinter, diz que o dever do pai depois do nascimento do neném é "reintroduzir a mãe na sua feminilidade (?!), oferecê-la um buquê de flores (?!), tomar conta do bebê para que a jovem mamãe va ao salão de beleza (?!) e dizê-la o quanto ela esta bela (?!)". Alguns detalhes modernos foram acrescentados às ideias conservadoras, como por exemplo, o pai deve assumir todas as tarefas domesticas, para deixar a mãe cuidar do bebê em tempo integral, mas a essência ainda é profundamente tradicional. Alguns livros incentivam às mulheres a ficar com seus bebês 24h por dia durante os três primeiros anos de vida do neném e as estimula a dar de mamar de acordo com a demanda da criança, nada de horarios impostos. Quanto mais mamadas de madrugada, melhor. Bom, quem tem que ficar a disposição de um bebê dessa forma, pode dizer adeus ao emprego, ao lazer e à vida social e conjugal. Alguns depoimentos de mães dizem que elas se sentem devoradas pelos bebês, que elas se sentem uma refeição ambulante, quase como escravas. Amamentar deve ser um prazer, não um sacrificio. E cada vez menos as mulheres têm a chance de escolher, no Brasil ainda mais que na França. Não amamentar por opção é sinônimo de egoismo maternal.

Vender essa ideias como um direito, foi bastante eficaz no processo de volta ao lar das mulheres de paises desenvolvidos (e incluo ai a elite brasileira). Sob o argumento de uma função muito mais importante do que o trabalho, que somente as mulheres têm capacidade suficiente para fazer, elas abriram mão dos poucos direitos conquistados pelas suas mães. Acho que qualquer tipo de diferenciação entre os sexos é uma porta aberta à deterioração das mulheres. Dizer que a mãe cuida melhor do bebê que o pai, é dar mais uma tarefa exclusiva à mulher, é incentivar a desigualdade, é colaborar com as diferenças salariais. "Esse tipo de maternalismo ainda não gerou o matriarcado nem a igualdade dos sexos, mas sim uma regressão da condição feminina. Regressão consentida em nome do amor à sua criança, do sonho da criança perfeita e de uma escolha moralmente superior. Fatores bem mais eficientes do que pressões exteriores. Todo mundo sabe: nada se compara à servidão voluntaria!".

Aproveito para indicar um blog francês que descobri ha um tempo e que ja me rendeu boas risadas. Ele se chama Mauvaises Mères (algo como Péssimas Mães) e vai justamente contra essa corrente de "eu não dou potinhos prontos para meu bebê", mas super bem humorado.


*** Respondendo às críticas: dizer que o bebê precisa exclusivamente da mãe e que ninguém mais pode cumprir esse papel obriga a mulher a ficar em casa, e se ela não fizer, vai trabalhar cheia de culpa. Isso não é bem dar liberdade de escolha, né? Pela minha experiência, o bebê se apega a quem cuida dele e passa mais tempo com ele, seja la quem for. Entendo que as mães queiram aproveitar esses momentos, que são maravilhosos, mas ela deve saber que seu bebê não ficara infeliz sem ela ou tera qualquer problema de desenvolvimento se ela não estiver presente o tempo todo, como pregam os "aiatolas da maternidade". Por que o pai também não pode cumprir essa função?

O livro da Elisabeth Badinter é muitissimo complexo e não pode ser simplificado em "ela é contra as mães que largam seus empregos". Se meu texto deu essa impressão, ela é falsa. Mas comentem, mesmo se vocês discordem completamente, vamos enriquecer o debate!

41 comentários:

Helô Righetto disse...

adorei e concordo plenamente com vc!!!! nao sou mãe e não sei se serei, mas já penso no q faria caso isso venha a acontecer!

Fabiana Dias disse...

Gostei, Mandita! Naõ sei se o Dandan vai gostar, mas é um contraponto interessante a valorização, talvez excessiva, da saúde dos bebes. E a saúde das mães, como fica?
É claro que é importante amamentar, mas viver em função dos babys deve ser muito cansativo e estressante...
Ai Meu Deus, acho que vou adiar mais ainda esse projeto Mae! hehe
beijoca

Patrícia M. Cunha disse...

Há uma diferença, que não é apenas de pormenor, entre o naturalismo e a opressão do tempo das nossas mães: essa diferença chama-se direito de escolha. Hoje ele existe, ao contrário do que acontecia há uma geração atrás.
Sem dúvida que Badinter traz a foco questões importantes, mas não é necessário ser maniqueísta. Felizmente, hoje existem mil possibilidades de ser mulher e ser mãe trabalhadora e feliz é uma dessas opções.

Mari disse...

Amanda, gostei da dica do blog e da dica do livro, fiquei com vontade de ler. Na real é dificil de comentar ja que eu não li mas se tem algo que eu aprendi com a maternidade é que não da para antecipar o que vai acontecer com vc e a sua vida depois que ela chegar... Não da para antecipar a mãe que vc vai ser ou as necessidades que vai sentir. Sou contra os extremismos nesse quesito. Acho que não da para colocar as fraldas lavaveis e a desistência de uma vida profissional na mesma categoria, por exemplo. A amamentação é uma outra discussão gigante... Enfim, esses limites muito fixos não funcionam, a meu ver. Não da para condenar nem a mãe que esta agoniada para voltar a trabalhar depois de três meses nem a mãe que resolve nunca mais voltar a trabalhar e ter um filho atras do outro... D'alleiurs, não da para comparar maternidade com paternidade. Mulheres e homens não são iguais em nada, por que seriam em relação à crianção dos filhos? Divisão igualitaria de responsabilidades é imprescindivel, agora fazer de conta que um faz igual ao outro é bobagem. A gravidez ja estabelece uma diferença imensa que se constroi em nove meses. O parto por exemplo não é so algo que acontece e deu acabou. Aquilo fica marcado, no corpo e na pessoa que vc passa a ser depois. E os homens vivem o nascimento de seus filhos de forma totalmente diferente. Isso não quer dizer que sejam MENOS pais, mas tudo é vivido de forma diferente...

mas enfim, gostaria de ler o livro para discutir a perspectiva da Badinter sobre a questão...

Mariana disse...

Olá Amanda, gostei muito deste post. Esse assunto mexe comigo, primeiro porque, quando minha filha nasceu eu realmente abri mão de tudo pra ficar com ela, em dedicação exclusiva. Isso foi uma escolha, que até hoje não me arrependo. Segundo, porque foi muito difícil pra eu encarar essa escolha na época, pois ao mesmo tempo que tinha certeza que estava fazendo o melhor pela minha filha, pra mim psicologicamente não foi fácil. No fundo eu tinha certeza que estava fazendo “bem feito”, estava fazendo o certo, mas minha cabeça, no fundo, no fundo, se sentia desconfortável com essa dedicação total e abdicação pessoal. Acho que a culpa que carregamos por ter saído de casa, ter ido trabalhar fora, largando as tarefas domésticas, a criação dos filhos e dedicação ao marido, ainda existe no inconsciente e quem sabe até mesmo em nossa herança genética vinda da mãe, da avó, da bisavó... Essa culpa, acho que todas nós carregamos. Isso sem contar com a pertinente depressão pós-parto, que para muitas é apenas uma frescura, mas pra mim foi muito real, em pequena proporção, mas aconteceu. E o marido tem um papel fundamental nessa história toda, deve se envolver com os cuidados e principalmente com a nova rotina da casa, que muda completamente e deixa a gente com MUITA saudade do barrigão onde tudo era infinitamente mais calmo!
Na verdade acho o papel do pai até mais importante que o da mãe, pois ele deve ser o suporte de tudo, para o bebê, para mãe e para casa. O homem deve sim ter uma obrigação, quando a mãe opta pela jornada dupla (mãe e profissional) deve dividir as tarefas na jornada doméstica e quando a mãe opta pela dedicação exclusiva, acho eu que a tarefa do pai é cuidar da mãe, o que indiretamente é cuidar de todo o resto...

Cris Chagas disse...

Eu fiz um certa pesquisa sobre o parto natural pra um projeto da faculdade. A escolha do tema não foi minha, mas gostei bastante. Isso não significa que não tenha críticas, mas lendo seu post, me parece que ou na França a coisa chega de maneira diferente ou a escritora deturpou um "pouco" a proposta.

No movimento aqui, das pessoas com quem tive contato, ninguém via o pai, por exemplo, como algo externo ao processo ou um simples "adorno". A questão é que tem momentos que são dá mãe, como a hora do parto. Não tem como o pai fazer por ela, né?

Falando em parto, ninguém prega parto com dor, prega parto sem anestesia. Entrevistei várias mulheres que tiveram filho assim, algumas depois de ter tido cesariana ou parto normal com anestesia e preferiram o segundo parto, por vários motivos. A questão da dor é complexa de se explicar aqui, até pq tb é uma questão cultural q passa de mãe pra filha, mas existe um trabalho real, físico, para se minimizar isso. E existem motivos concretos pra desaconcelharem a anestesia, ainda que vc possa discordar deles. (como eu mesma não concordo em todos os aspectos)

Mas acho q tem uma consquista maior, uma consquista q o livro, o seu post e o movento pró-humanização do parto (e da maternidade em geral) parecem não levar em conta (e q penso já ter lido em algum comentário aí) é o respeito pela escolha.

A mulher deve escolher q tipo de parturiente e mãe quer ser e não deve ser atacada por um ou outro movimento.

A mulher não deve se sentir culpada se não pode amamentar 6 meses como indica a OMS, pq ela tem q trabalhar depois dos 4 meses de licença. Mas se ela tem 4 de licença, pq não fazer isso nesse período como sugere a natureza e como indicado pelos médicos?

Não amentar por opção, na verdade, não me parece egoísmo, me parece ignorância pura, até pq, não sei se vc sabe, mas, se uma mulher não tira o leite excedente do peito, ela adoece.

Bem, não acho em nada um retrocesso uma mulher querer se dedicar a casa ou a família. O retrocesso está em como isso será feito e as consequências serão pra ela e não pra sociedade q não comporta mais aquele modelo antigo.

obs: só agora li sua "atualização". Realmente pareceu q "ela é contra as mães..."

obs2: não sei, mas o filtro que a escritora fez, talvez tenha te dado a impressão errada sobre alguns aspectos do tema.

Amanda disse...

Obrigada Helô! Eu tô no mesmo barco que você, mas isso que é legal, né? A gente tem mais tempo pra juntar as informações pra decidir que tipo de mães seremos, se decidimos ser mães!

Fabi, eu acho que tem uma pressão muito grande pra amamentação, isso chega a ser negativo! Diz pro Dan não exagerar nas competências dele!! :) Vê se não adia plano nenhum, viu? Marquito me mata!!

Patricia, depois que você deixou seu comentario, eu atualizei o post. Concordo 100% que a mulher deve escolher, mas temos que dar argumentos verdadeiros para isso! O que esta acontecendo, é que estão manipulando informações...

Amanda disse...

Mariana, leia o livro sim! Se quiser eu te empresto. Mas eu não concordo com você quando disse que "homens e mulheres são diferentes", tipo, todo mundo é diferente, mas depende muito mais do individuo, do que do sexo. A gente não pode falar que as mulheres são assim e os homens são assados; as mulheres são sensiveis e os homens são agressivos; depende de cada um. Agora, o parto é um fator que se pode generalizar: as mulheres passam pelo parto e os homens não. Mas tem pais que cuidam bem mais com o novo bebê do que as mães, que se sentem mais proximo, que tem mais vontade de passar tempo com ele.

Outra Mariana, eu imagino que depressão pos-parto deve ser muito dificil mesmo, principalmente por causa do olhar externo que te trata como uma mãe ingrata. No livro da Badinter, ela mostra muitos depoimentos de mulheres que dizem que se elas soubessem como seria, elas teriam escolhido não ter filhos. Elas reclamavam que ninguém tinha dito nada, ninguém tinha explicado a elas como seria. Acho que tem que ser muito forte pra assumir isso, pois novamente, dedos serão apontados. Agora, culpa, eu pelo menos não sinto não. Assim, nem um tiquinho mesmo! Tudo bem que não tenho filhos, mas não acho que isso venha acontecer. Quanto a obrigação do homem de dividir as tarefas domesticas, isso deve acontecer numa familia com filhos ou sem filhos! Obrigada por dividir sua historia! Beijos!

Amanda disse...

Cris, eu ja tinha torcido um pouco o nariz pra essa onda naturalista quando li um livro sobre o assunto na casa de um dos bebês que tomava conta. Essa coisa de não tomar anestesia durante o parto normal por opção não entra na minha cabeça. Numa escala de dor de 0 a 10, o parto é considerado 10. Mas ok, respeito as mães que fazem essa escolha, mas não venha se gabar de ser MAIS mãe porque fez um parto sem anestesia. Esse é o problema, é a arrogância de achar que o seu método é o da boa mãe. Aqui na França as cesarianas são super raras.
Mas depois de você defender a escolha da mãe, achei estranho vc dizer que não amamentar por escolha é ignorância pura! Ué, tem gente que não gosta, que diz que doi, que tem nojo, que sente um prazer sexual com o qual não fica confortavel e prefere não amamentar. Isso sim deve ser uma escolha! Quantas e quantas crianças não foram amamentadas e hoje exibem uma saude de ferro? Os leites em po estão cada vez mais proximos do leite materno.

Iara disse...

Amanda,

Acabei de conhecer o seu blog por um link num comentário deixado no meu e adorei o debate. Ah! E tenho uma coisa em comum com você: fui au pair aí também. Tenho várias amigas que ficaram (ou voltaram) pra estudar, então a França me diz muita coisa.

Com certeza o livro deve ser muito rico pra eu dar palpite assim, sem ler. Eu também não sou mãe, então não sei que tipo de pressões me aguardam (aliás, por enquanto já enfrento uma pressão, justamente para ser mãe).

Mas a gente tem que tomar cuidado pra encontrar um equilíbrio aí, né? Porque, como alguém comentou acima, a gente vive um tempo louco em que as pessoas não tem direito a ter um tempo pra elas, e eu acho isso muito ruim.

Concordo que a amamentação deve ser desgastante, e não deveria ser encarada como imposição. Mas também acho que, como alguém falou, negar completamente esse processo biológico não é lucro pra ninguém. Eu não posso aceitar que, se eu me ausentar uns meses, minha carreira vai acabar. Seria desonesto com tudo o que eu já conquistei não me dar este direito. Por outro lado, também acho um absurdo que tudo esteja relegado a mãe, e parece que na Suécia os homens tem uma licensa paternidade mais longa. A mulher pode inclusive, voltar a trabalhar e deixar o filho com um marido por mais alguns meses, o que me parece bem bacana.

Resumindo, pra não ficar um livro, acho bacana a gente pensar o tempo dedicado às crianças como produtivo e investir nele. E acho que, com os homens envolvidos no processo, isso não resultaria em opressão de gênero, e sim em ganho para a família.

Unknown disse...

Oi Amanda! eu fui mãe em tempo integral, não me arrependo! hj com a nova lei ta muito bom, são seis meses para cuidar do bebê! da pra voltar a trabalhar sem culpas!

Luka disse...

Amanda,

Acho pertinente a discussão, eu sou mãe e amamamento até hoje minha filha e pretendo amamentá-la até quando estiver bom para nós duas. Mas pelo teu post ao que parece tem algumas coisas que não são levadas em conta, como a própria questão dos médicos muitas vezes não apoiarem a amamamentação e na primeira dificuldade que em 90% dos casos é por conta de pega errada e é a coisa mais facinha de concertar, o lobby das empresas de alimentos etcetc, acho que o debate é bem mais complicado do que a mamadeira revolucionou as realções ou não, até por que eu conheço muita mãe que continuou trabalhando e nunca usou mamadeira e eu mesmo estudo e trabalho e a minha filha nunca usou fórmula artificial. Acho que é preciso colocar também estes dados do que significa pra saúde essa venda indiscriminada de leite artificial e a quem beneficia. No mais, é preciso lutar por mais direitos das mulheres para que elas realmente possam escolher informadas e afins qual o materinidade irão exercer

Claudia Camargos disse...

Acho este artigo, assim como o posicionamento de Elisabeth Badinter, preconceituoso e contraditório. O retorno a maternidade naturalista não leva necessariamente a negação das conquistas da mulher nem a um processo de retorno ao lar dessas mulheres. Os argumentos contra uma opção mais naturalista desconsideram a tendência a uma vida mais naturalista que cada vez mais vem sendo adotada e que não refletem necessariamente uma negação dos direitos da mulher, mas a negação de uma vida pautada na sociedade de consumo. Em relação ao parto com dor (termo extremamente questionável), o artigo desconsidera a indústria que se move por traz da cesariana, desconsidera o fato da cesariana ser uma intervenção cirúrgica e seus efeitos na mãe (parto sem dor para uma recuperação dolorida), desconsidera também os efeitos dessa intervenção para o bebe (que absolutamente não é considerado neste artigo). Quanto a liberdade causada pelo leite artificial, o artigo também desconsidera o impacto dessa liberdade na industria alimentícia (especialmente focada nos países pobres) e na saúde do bebe (mais uma vez desconsiderado neste artigo). Em relação ao papel dos pais na criação dos filhos, eu entendo que a relaçao entre indivíduos (pais, mães, filhos) é sempre diferente e compreender e respeitar essas diferenças é a melhor maneira de equilibrar as relações numa família. Isso não significa que as responsabilidades são diferentes. Para mim, o que caracteriza a divisão de responsabilidades não é o retorno a uma maternidade naturalista mas o padrão machista de certas sociedades, como a brasileira, por exemplo. Meu filho nasceu em Nova York, onde o retorno a uma maternidade naturalista é bastante difundido. Conhecemos diversas famílias que optaram por partos com parteiras, amamentação por demanda e dedicação exclusiva ao filho. Em todos os casos, a participação dos pais era mais intensa do que tenho presenciado no Brasil desde que retornei. Em nenhum desses casos, a amamentação era considerada um empecilho para o retorno ao trabalho ou a uma vida normal. Os leites eram congelados, como poderiam ser ‘os leites de caixinha’, com a única diferença que não eram pagos. Em geral, as mães em geral têm direito a intervalos no período do trabalho para coleta do leite. A divisão de tarefas não se limitava a tarefas domesticas mas a divisão de responsabilidades com o bebe de acordo com a demanda da família. Enfim, o que eu presenciei (e vivi) foi a readaptação de famílias (pais e mães) para a chegada de um novo membro, não a negação das conquistas da mulher ou um processo opressor dessas mulheres.

Iara disse...

Claudia,

Eu entendo muito seu pnto de vista, embora não concorde que este seja um artigo preconceituoso (sobre o livro já não posso falar).

Você tá coberta de razão quando fala da indústria alimentícia. Não tenho filhos, mas não me imagino dando comida de potinhos pra eles quando tiver porque não compro lasanha congelada pra mim. Logo, não daria há meus filhos menos do que eu mesma considero razoável pra mim.

Por outro lado, não fui amamentada. Não por escolha da minha mãe, ela simplesmente não deu conta porque quase morreu no parto. Então eu sei que o leite materno é melhor pra criança, mas também sei que ela pode se desenvolver perfeitamente sem ele. Eu tive, na infância, os mesmos problemas de saúde que o meu irmão caçula, que foi amamentado. A única conseqüência séria da minha não-amamentação foi a culpa que minha mãe sentiu. E acho que a idéia do artigo é tratar sobre isso, sobre a culpa. Há mulheres que não amamentam porque não podem, outras porque não suportaram a dor dos seios que racharam, outras porque não querem. Mas eu acho que, considerando que as crianças podem crescer saudáveis ainda se não se alimentarem do leite materno, não cabe a sociedade cobrá-las como egoístas.

Também concordo com você sobre o parto. Acho que tem muito mito aí. A minha mãe quase morreu quando eu nasci, mas disse que quando o meu irmão nasceu, apesar dela estar aterrorizada pelo trauma do primeiro parto, o segundo "nem doeu". Que foi rápido e quase indolor, sossegado mesmo. Isso foi há 28 anos, não tinha anestesia pra parto normal. Mas que sentido faria uma cesariana nesse caso? Só encarecer o custo do parto e oferecer mais risco de infecção hospitalar?

Então, faço coro na história do lobby, mesmo. Mas acho que se eu defendo a autonomia das mulheres nem o discurso feminista, nem o discurso conservador da sociedade de consumo, nem as opiniões ideológicas de outrem devem definir as escolhas de cada mulher, em particular, porque só ela sabe das dificuldades e limitações de sua situação. Mas acho que informação e reflexão são sempre muito bem vindas.

Cris Chagas disse...

Amanada, acho ruim se gabar em qq um dos casos. Tem gente q se gaba pq vai fazer ou fez cesariana e não sentiu nada. Fala sério.

Sobre a questão da amamentação e da opção... Na boa, Amanda,se negar a amamentar pq tem nojo? Não vou nem comentar, nunca conheci ninguém assim hahaha

Qd eu falei de ignorância é pq pra mim parece falta de conhecimento das consequências, vc ficar com leite empedrado, cheia de dor no peito e/ou febre pq não quer amentar (não pq não consegue, como existe, mas pq não quer).

Não sei, ando meio sem tempo na net, mas pelo q vi, vc pode ler o relato das mães q postaram aqui. As pessoas que passaram pela experiência, ainda q cada uma tenha sua história, me parecem os posicionamentos mais ponderados, cada uma com sua história.

obs: nunca vi aqui, mas na europa existe por exemplo, uma biqueira de silicone pra amamentar. Quem usou, diz q não doi nada. (só como ilustrativo, pq toda mulher diz q no início da amamentação doi muito mesmo, mas q depois passa... Sobre isso não posso falar muito, né?!)

Cris Chagas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cris Chagas disse...

(ignorância = ignorar)

Amanda, eu não to conseguindo ficar on line direto e falar sobre esses assuntos por escrito é complicado pq daria uma biblioteca inteira.

O mais importante de tudo, acredito, é a mulher conhecer as opções reais q ela tem. Ela tem q saber as vantagens e desvantagens de estar deitada durante pré-parto e o parto. As vantagens e desvantagens dela amamentar e não amamentar e não só pró bebe, mas pra ela tb, como disse anteriormente. O problema muitas vezes é q esses movimentos nuterabas ressaltam aspectos menos relevantes e deixam alguns pontos práticos e importantes de fora.

Por exemplo, qd vc faz um cesariana ou um corte no períneo, vc tem dor, recuperação e perigo de infecção. Vc fica um tempo enorme pra se recuperar e precisando cuidar de um bb. Muitas mães q conheci, ficaram meses sem ter relação sexual depois do parto, pq o corte infeccionou e doía pacas. Depois, qd ficou bom, elas morriam de medo. Já, as que não sofreram intervenção, voltaram a ter relação em 15 dias! Mesmo assim, são procedimento importantes (assim como aqueles “instrumentos de tortura” q postei no meu blog, lembra? heehe) q podem e devem ser usados, mas q, ao contrário do que as mulheres muitas vezes ignoram, têm sim consequências penosas.

Vc falou de escala de 0 a 10 para dor. Vc acredita q dor pode ser medida? Q a dor é igual pra todo mundo? A sensação de dor é individual e a história de parto é única pra cada mãe e diferente pra cada gestação. Eu tenho uma amiga q nasceu num táxi a caminho do hospital e tem uma colega do Rapha q sentiu as contrações, foi tomar um banho e rapidamente estava com o bb no colo, sozinha!. Já a minha mãe, sofreu horas e eu quase morro roxa, se não fosse uma cesariana. Então, não tem como dizer q A dor no parto. O parto pode ser ou não sofrido, com mais ou menos dor, o parto, pelo que pude ver, é único.

O q não pode é a culpa, o remorso. Isso, em qq um dos casos só faz mal.

Obs: concordo totalmente com vc, dizer q é mais mãe pq não usou anestesia… no way.

Amanda disse...

Sobre o parto com dor, eu quero dizer o parto normal em que a mulher sofre, mas nega deliberadamente a anestesia, para sentir o que nossas ancestrais sentiam na hora de parir. Eu ja disse aqui nos comentarios que na França cesariana so é feita em ultimo caso, então nunca me referi a elas. Mas é verdade que a dor varia de mulher pra mulher, mas de maneira geral a gente sabe que doi. Quanto a esse corte do perineo, pelo que sei ele é um procedimento de praxe que é feito em quase todos os partos normais, com ou sem anestesia. Alias, fiquei horrorizada quando soube dessa historia.

Sobre a industria do leite, das papinhas, das fraldas, etc, ja ouvi falar muito disso nos blogs brasileiros, mas aqui na França nunca ouvi falar. Talvez porque os produtos aqui sejam mais baratos (e talvez de maior qualidade) do que os dai, em relação ao salario medio. Aqui não tem esse papinho escroto de "so amamenta quem não tem dinheiro pra comprar nam", aqui cada uma faz o que quer, mas a grande maioria ainda vai de latinha. O que esta acontecendo, é essa minoria naturalista chegar e sair dizendo que é mais mãe do que as outras por voltar as origens, sabe?

A Elisabeth Badinter disse que os beneficios do leite materno são exagerados pelos grupos de aleitamento, que saem falando sem provas concretas. O resultado disso são mãe super culpadas. Cris, devem ser realmente raras as mulheres que não gostam e não querem amamentar por qualquer razão e deve existir quem tenha nojo também. Se a sua reação é assim, imagina a da sociedade! Ela vai se sentir super pressionada a amamentar e vai entrar em um dilema terrivel. Se a mãe quer amamentar e não consegue, acho que ela deve todo apoio pra conseguir, mas desde que isso seja um direito, não um dever. Como a Iara disse, tem muita gente que não mamou e que hoje dia não fica atras.

Não sei se no calor do fim da leitura do livro eu me precipitei e demonstrei algum tipo de preconceito. A acusação de contradição provavelmente é verdade, até porque todos os assuntos complexos são contraditorios.

Cris Chagas disse...

Foi como eu disse, os movimentos ficarem ressaltando aspectos menos importantes ou nada importantes. (até absurdos, no caso) Sentir o q nossas ancestrais sentiam? Isso é a maior bobagem, minha avó sofreu pacas e foi super mal tratada pelas parteiras! E não é isso q o parto humanizado prega. Eles têm justificativas fisiológicas (ligadas a evolução do parto, inclusive) para desaconselhar a anestesia, mas não vou explicar, pq ia acabar simplificando d+. (isso não significa q vc concorde com eles ou opte por parir assim. Eu mesma não concordo com tudo)

Além disso, é complicado vc dizer "parto com dor", pq no parto com anestesia tb tem dor.

Ah, no parto humanizado não se faz corte no períneo, o corte no períneo é de praxe no parto normal. Aquele q é feito pela vagina, mas com todos os procedimento médicos, inclusive anestesia. Pena ser assim pela net, pq tem um monte de coisas sobre o q eles sugerem ou defende q seria legal vc saber, talvez mudasse um pouco sua opinião. Não q vc fosse ficar a favor de ter parto sem anestesia, por exemplo, mas ia conseguir entender q as coisas não são bem assim como divulgam... E q alguns procedimentos naturais não são absurdos como algumas pessoas fazem parecer.

Sobre a amamentação, mais uma vez, a minha brindeira com "o nojo" foi pq achei q o tema parecia mais especulação q qq coisa kkk. O importante é q a mulher não se sinta culpada, como já concluímos.

Eu tenho opinião formada sobre um monte dessas coisas, mas são pra mim e pra minha vida. Como tudo na vida, a escolha reflete em perdas tb, só acho q as mulheres deveriam saber o q perdem e o q ganham com suas escolhas pra escolherem conscientes. Pq tem muito mito, tanto sobre o perfil natureba, qt sobre o perfil convencional, digamos assim.

bem, o assunto é looooooooooooongo e tem várias aspectos. Um chopp entre uma frase e outra caía bem melhor na minha argumentação hahaha

vanessa disse...

ola Amanda!

maes que amamentam seus filhos nao se consideram melhores do que outras maes.

amamentar seu filho é um ato extraordinario,completamente natural.
o leite artificial jamais conseguira se igualar ao da mae;
somente do ponto de vista gustativo, ele muda de gosto a cada mamada.
li a entrevista da autora na Elle, nao sei se voçe sabe mas ela tb nao acredita que a mulher tenha o instinto materno.
na entrevista ela diz nao acreditar que a maioria das mulheres que amamentam se sintam felizes assim, que absurdo!
como ela pode saber, como ela chegou a essa conclusao?

hoje tudo vai tao rapido em nossas vidas...
percebo nitidamente e fico muito feliz de saber que hoje existem maes que tomam esse tempo pra si e seus filhos e abraçam essa maternidade.

adoro conversar sobre maternagem,
principalmente depois de ser mae
e penso que certos argumentos soam falsos enquanto nao se vive esse estado.

em todo caso aprecio seus textos,
leio sempre.

Amanda disse...

Oi Vanessa, eu sei que ela não acredita em instinto materno, mas não li o livro em que ela fala sobre isso, acho que vou compra-lo. Na verdade, qui na França o termo "instinto materno" esta um pouco ultrapassado, ninguém mais usa, as pessoas comuns também não acreditam que ele exista. So esse movimento naturalista que esta levantando de novo essa questão, mas com um outro nome, que esqueci agora! Eu não acredito em instinto materno, assim como não acredito em relogio biologico. Nossa, tem tanta coisa pra se discutir sobre esse assunto, né?

Novamente sobre a amamentação, acredito sim que ela tenha diversos beneficios, mas acho que uma mãe tem o direito de saber que se ela não quiser amamentar, o seu filho não vai ter seu desenvolvimento prejudicado por causa disso. Obrigada pelo comentario! Beijos!

ps- acho importante dizer que a Badinter tem três filhos, mas ela nunca cita sua vida e sua experiência pessoal nas suas teorias.

Jussa disse...

Olá!
Sou mãe e totalmente a favor da materninade naturalista.
Como tudo na vida, os extremos nunca são bons e o segredo para uma vida sem grilos é não exagerar.
Fiz parto sem anestesia e foi ótimo! Pude participar de todo o processo e meu bebê esbanja saúde.
Ele mesmo criou seus horários de mamadas e que acabam coincidindo com a imposição das 3horas. Nunca tive que acordar milhões de vezes para amamentar.
Mas nada destas coisas precisam ser seguidas à risca, assim como as seguidoras de outros tipos de parto e maternidade.
O segredo está em viver a vida de forma tranquila, sem stress no lado naturalista ou não.
Rotular as ações como feministas ou não não trazem benefício algum.
O importante é a saúde da mãe, do bebê, da família.
Antes de qualquer coisa, devemos pensar para que temos filhos.

Anônimo disse...

Acho que existe um veto do mercado sobre a relação mãe e filho. A licensa maternidade é curta, o que é prejudicial para a mulher e a criança. Tem muita coisa nesse texto que eu gostei e acho importante atentar. Vamos ver se acho o livro em portugues...

Léo Santos disse...

Creio que isso não deva ser encarado como um modelo social a seguir, ou como um movimento, uma tendência! Quem decide isso é um pai e uma mãe de acordo com cada caso! Quem te garante que não há mães que querem ficar 24h por dia cuidadando do seu bebezinho? Assim como o contrário também ocorre.

Um abraço!

Unknown disse...

Oi Amanda,
Finalmente resolvi comentar no seu blog. Eu estou nesse grupo que passa sempre por aqui pra se atualizar mas nao deixa nenhum comentario. Bom, parabéns pelos posts. Eu adoro le-los, além de ficar por dentro do que se passa aqui por Paris, acho suas opinioes super pertinentes.
Quanto a esse assunto de maternidade, tb estou de acordo contigo. Acho um exagero pensar que so a mae pode realisar algumas tarefas no cuidado com o bebe. Acho que o pai nao so pode como deve participar desse processo com a mae, pois além de dividir o trabalho, é importante para o pai tb ter maior contato com o bebe. Ja no caso da amamentaçao acho uma boa ideia tirar o leite durante o trabalho, como fazia uma das maes com quem vc trabalhou, para que o bebe possa sempre se alimentar dele. Penso que é mais saudavel que os produtos industrializados, embora os potinhos prontos nao deixem de ser uma boa alternativa quando nao se tem o leite materno ao alcance.
E sou super à favor da anestesia durante o parto.
Bjs,
Juliana

Mari disse...

Olha Amanda, eu ja comentei aqui e nem ia comentar de novo, mas não consigo resistir à tentação diante de tantos comentarios e uma discussão tão acirrada!

cartas na mesa:
Antes de ser mãe, e principalmente quando eu estava gravida eu planejava parir naturalmente (com peridural please), amamentar até não ter mais leite, cozinhar as papinhas do meu baby com alimentos orgânicos, usar so fraldas lavaveis e por ae vai...
Quando fui para o hospital para parir, tudo ja começou a mudar de figura: depois de doze horas de trabalho de parto (sendo quatro sem anestesia por um problema burocratico), nada de bebê. Corre para a sala de cirurgia para uma cezariana de emergência... Aviso e comunico inclusive que sem dor é a vovozinha pois eu tive dores horriveis durante, imediatamente depois e semanas depois da cirurgia (além de grampos de metal no lugar de pontos cirurgicos que iflamaram e quase infeccionaram). Depois de seis horas de reclusão e dor profunda (aqui na França cezariana é cirurgia delicada (hmpf) e as mães tem que ficar em observação depois) veio a novela da amamentação... E Tcharam! Depois de dois dias insistindo e sofrendo, chegamos todos à mesma conclusão: havia algum problema pois a Sofia, que nasceu saudavel e com fome, perdeu muito, mas muito mais peso do que o normal para os recém-nascidos e isso estava começando a comprometer a saude dela. No hospital eles insistiram que eu complementasse a amamentação com a mamadeira mas aconselharam que eu sempre tentasse o peito antes. Santa enfermeira que me deu aquela mamadeira! A Sofia passou a engordar e a dormir bem e como se confirmou nos meses seguinte, a pobre criança não conseguia ter todo o leite que precisava do peito pois por problemas anatômicos decorrentes de uma cirurgia, o leite não saia. Não empedrou, não tive mastite, não tive febre. So tive culpa mesmo. Mas depois de três meses tentando em vão, mandei a culpa para o inferno e larguei de vez essa insistência que so me frustrava. A papinha, aqui em casa so de pote. No inicio faziamos e funcionou. Infelizmente, aqui na França é mais barato comprar a papinha pronta (bem mais) que os legumes etc para fazer vc mesma. Fora o tempo que me desculpe, quem tem sobrando, pode me oferecer que eu tô comprando. A Sofia come comida de potinho, adora (come sempre tudo), a receita é sem sal ou conservantes e o nosso orçamento agradece! As fraldas lavaveis compramos, mas na falta de uma maquina de lavar e um tanque, elas acabam sendo usadas apenas em momentos de emergência, quando as descartaveis acabaram.

MORAL DA MINHA HISTORIA: não adianta antecipar, sonhar que vc vai ser uma mãe perfeita e que vai fazer assim e assado. Chega na hora, a situação é bem diferente do que vc imaginou e vc tem que se adaptar, tem que aceitar o que vc PODE fazer e não se culpar pelo que vc DEVERIA fazer segundo sei la quem (ou até seus proprios planos).
A maternidade é algo que se apresenta de forma imprevisivel e que nos transforma em mulheres que nos jamais imaginariamos ser...
Ah, e instinto materno, não existe mesmo... pelo menos pra mim! O que existe é experiência com bebês (o que ajuda muito) e experiências diferenciadas em relação ao amor maternal. As vezes vem como um piano que cai na sua cabeça, as vezes cresce devagarinho, à medida que vc digere tudo que esta acontecendo...

Enfim, tudo isso, a gente so descobre vivendo. A realidade raramente corresponde aos nossos planos romanticos...

Anônimo disse...

Bem, eu não sou mãe ainda, até pq sou muito nova pra desempenhar essa função, e nem sei se esse "ainda" cabe a mim! Eu vejo a dificuldade que muitas mães passam em prol dos filhos! A começar pela dor suportável, ainda que seja "insuportável"! Contradição né?! Mas eu vi o quanto minha tia agonizava enqnt sentia as contrações do segundo parto dela! Cara, isso colocou em xeque minha futura escolha de ter, ou não filhos! Ela disse, e outras mães já disseram, que foi "válida" a dor! Não exatamente nessa palavra, claro! Hj ela tanto amamenta Mariana com o leite do peito dela, qnt com leite nam! E ao meu ver, tudo vai depender do organismo da criança! Há crianças mais frageis, outras mais resistentes a doenças, por ex!
Alguém aqui pode dizer: ah, mas o leite materno vai dá justamente esse suporte ao bebê, vai dá a resistência necessária, mas como já citaram aqui: muitas crianças por aí por inúmeros motivos não puderam/foram amamentadas e são tão saudáveis quanto as que foram amamentadas!
Homens e mulheres são diferentes enqnt a anatomia, mas as obrigações devem ser igualitárias!

Eu ainda tenho que pensar sobre os vários fatores que envolvem esse assunto, mas já tá mais que pensado que a igualdade entre nós e eles deve ser siiim igual!

um beijo, manda!:*

Luna disse...

Hm, nem sei como comentar D:

Bem, minha mãe é técnica de enfermagem e ela trabalho alguns anos na área de parto, ajudando mulheres prestes a parir e com bebês e tudo. Ela sempre diz que cesárea é uma coisa que só deveria ser feita de emergência, porque dá trabalho pra todo mundo, além de ter mais risco de infecção e o tempo de repouso é mais lento e tudo o mais.

Eu sempre fui a favor de um parto normal. Acho que a mulher deve escolher, sim, mas eu acho muito errado uma mulher simplesmente escolher fazer uma cirurgia numa hora programa. Acho estranho, bizarro... um procedimento tão delicado ser tratado como algo normal, e geralmente a escolha da cesárea é simplesmente por tempo, organização, é mais prático - e eu acho isso meio danoso. Posso parecer antiquada, mas não consigo imaginar uma mulher que acerte a hora de tudo, até na hora de parir. Talvez seja filme e novela demais, mas não gosto de cesáreas. Prefiro que elas fiquem na ala "emergência" que é o recomendado, porque acho a cirurgia um tanto delicada demais, além de ser impessoal e tudo o mais.

Quanto a amamentação, bem, continuo sendo antiquada. Acho muito estranho a mulher decidir que não vai. Tipo, tem mulheres que não rola, com certeza há dor e o leite nem sempre sai. Porém há maneiras de melhorar esses momentos.

Embora o único motivo que realmente acho BIZARRO é o negócio sexual. Eu não consigo ver algo de sexual em uma mulher amamentando, mesmo que seios também sejam usados para esses fins. Sei lá, não entra na minha cabeça.


Mas o realmente importante aqui é que os pais - ambos - devem participar. O pai é diferente da mãe, sim, mas isso não é motivo para não participar dos cuidados com a criança, a vida ao redor. Ambos devem meter a mão na massa pra criar uma criança, e nenhuma mulher deveria sentir culpa por não conseguir o que a sociedade planejou. Mesmo que eu ache estranho, muito bizarro alguém escolher cesárea como se marcasse, sei lá, uma lipo, eu não quero que essa mulher se sinta "menos" mãe, porque, poxa, ela não é. Cada mulher sabe de suas dores, afinal das contas. ;)

Helena disse...

Um assunto tocado aqui é tema de uma matéria do Estadão: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100228/not_imp517269,0.php

O texto diz que muitas mulheres sentem dor ao amamentar pois não foram instruídas a fazer da forma correta, que não causa dor. Isso leva a crer que muitas escolhas das mamães são feitas sem que elas tivessem sido bem orientadas...

Anônimo disse...

Achei muito importante esse questão, acho tbm que muitas mulheres optam por cuidar dos filhos 24 horas por dia como consequencia da influencia da sociedade, as mulheres precisam de lazer e os homens devem cuidar dos filhos tbm, embora as mães e os pais não devam abandonar seus filhos e que a presença dos dois sejam constantes e sufecientes para suprir as necessidades emocionais de seus filhos, que não sejam como as crianaças de certos filmes em que os pais trabalham muito e os deixam com babás a maior parte do tempo, que seja de uma forma a que ambas a partes não sejam prejudicadas, nem o lazer dos pais, nem a felicidade dos filhos. Equilibrio é necessário.

Umrae disse...

Minha mãe voltou a trabalhar antes do fim da licença-maternidade, cuidou da carreira dela e eu não cresci com nenhum trauma por causa disso.
Se um dia eu tiver um filho, não vou me sentir nem um pouco culpada por fazer o mesmo.
E quanto a essas mães que são contra os potinhos e acham que é muito mais saudável dar comida feita em casa para os bebês, adivinha só? Uma pesquisa recente mostrou que a maioria das famílias do Brasil dá muito mais sódio aos bebês do que eles deveriam consumir, porque como os adultos apreciam comida salgada, acham que devem temperar a comida do bebê também. E aí? Refeição prejudicial e desbalanceada, não?
Muito interessante o blog, parabéns.

Anônimo disse...

O pai pode e deve cuidar do bebê. Ajuda de avós, tias e outros parentes também. Mas cada um tem o seu papel na vida da criança e é intransferível. Só a mãe pode amamentar e acalmar o bebê muitas vezes. É biológico e não cultural. O bebê precisa ter contato pele com pele e olho no olho com a mãe e a amamentação permite isso, permite a satisfação oral através da sucção e permite a nutrição com o melhor alimento. O leite materno é o principal alimento no primeiro ano de vida. O pai pode dar banho, a avó pode trocar a fralda mas a amamentação em livre demanda é função da mãe e isso é incontestável. Sem a livre demanda o desmame precoce é inevitável. Não é as escolhas da mãe que deveria estar em voga uma vez que o bebê já existe, são as necessidades do bebê que devem vir em primeiro lugar. Quem não tem condições de levar isso em frente deveria rever seu desejo de ter um filho.

Anônimo disse...

Alta taxa de natalidade não garante maternidade consciente. Quando digo consciente, não estou falando de "ter que", mas sim "querer que", "gostar de". Quando uma mulher tem 5 filhos e todos terceirizados (babá, parentes, creche, escola, mamadeira, chupeta) ela não experiencia o que uma mulher que tem 1 ou 2 filhos vive amamentando e cuidando ela mesma de seus filhos. A parte "chata" só tem graça pra quem valoriza cada gesto ministrado a seu bebê e só valoriza quem reconhece a grande influencia que um adulto exerce sobre a personalidade e a felicidade de um bebê, principalmente se for a mãe. Trocar fralda, dar banho e alimentar são atividades técnicas que qualquer pessoa pode fazer, mas quando é feito com amor (amor de mãe) e não como uma simples tarefa, pode ganhar dimensões muito maiores no desenvolvimento da criança.

Anônimo disse...

As necessidades da criança devem vir na frente porque o bebê não pode falar se está gostando de ter trocado o peito pela mamadeira ou se está sentindo falta da mãe e nem se gosta ou não da babá. Não vejo vantagem nenhuma no aumento da natalidade num mundo super populoso. Mas vejo muita vantagem numa natalidade controlada e de qualidade. Mais vale poucos filhos e com suas necessidades supridas do que muitos filhos terceirizados. Filhos terceirizados não aprendem o exercício da empatia tão facilmente e podem se tornar pais que não reconhecem que as necessidades do bebê vem em primeiro lugar e se reconhecem cognitivamente, não reconhecem de coração, não SENTEM isso e logo vão achar a maternidade com entrega um martírio, uma coisa chata que pode ser terceirizada.E aí está instalado o círculo vicioso que o sistema adora: as creches, os fabricantes de leites artificiais, os laboratorios farmaceuticos e as empresas que tem funcionárias mães agradecem. A publicidade está aí pra te convencer de que você precisa daquele sapato e seu filho pode se contentar com outra pessoa ou um material de plástico enquanto a mãe trabalha 14h/dia pra conseguir o dinheiro pra comprar tudo que a mídia anuncia.

Anônimo disse...

Não se trata de uma moda natureba. As mães "naturebas" são mil vezes mais atacadas do que as "high-tec". Se você tiver uma cesárea e algo der errado, você é a vítima ou foi uma fatalidade. Se você tiver um parto natural e algo der errado, você é a culpada. Se você der leite artificial e seu filho não ganhar peso, você é compreendida e acolhida. Se você amamentar exclusivo e seu filho não ganhar peso, você é uma mãe desnaturada que está fazendo seu filho passar fome. Se você trabalha fora, você é uma mulher guerreira e independente e responsável. Se você escolhe ficar em casa está encostada no marido e não faz nada da vida.

Anônimo disse...

A maternidade era algo natural e prazerozo quando a mulher agia naturalmente e sua natureza era respeitada. Hoje o corpo padece com os produtos industrializados, a obesidade mórbida, o diabetes e a hipertensão viraram pandemia e a industria farmaceutica só enriquece. É fato. Parir um filho naturalmente requer preparo e uma boa alimentação é o primeiro passo. Trazer um filho ao mundo sem analgesia é dar-lhe o direito a começar a vida já sem drogas. Amamentar não é só alimentar, é dar o conforto que um bebê anseia porque só colo não é suficiente pra quem está na fase oral e chupeta não tem o calor e o cheiro da mãe.
Escolher ser uma mãe "natureba" não é estar na moda, não é fazer o que a sociedade quer que você faça. É fazer o que seu filho precisa e merece e se realizar 100% com isso. Se isso parece demais pra alguém, é melhor se perguntar se realmente quer ser mãe porque na hora de fazer é muito bom, mas maternidade é entrega, quem estiver preocupada com a carreira ou com a tv de plasma de 42" que saiu, quem tem a ilusão de que vai continuar tendo a mesma vida de antes de ter filhos é melhor rever seus conceitos.

Anônimo disse...

Não é porque a Gisele Bundchen teve o filho na água que devemos ter também. Não é porque alimentos integrais são mais saudáveis que devemos nos forçar a comer tudo integral sem prazer nenhum. Não é porque a amamentação é incontestavelmente melhor que devemos amamentar e, por fim, não é porque ser mãe 24h é bonito que devemos abdicar da vida social. Devemos fazer tudo isso porque queremos, porque gostamos disso tudo, porque nos realizamos desse jeito. Deve ser uma decisão com conscientização...de dentro pra fora. Ou então é melhor nem começar. Mamadeira não é justificável. Produtos industrializados também não. Um filho que não pediu pra nascer não deve ser sacrificado porque a mãe quer assobiar e chupar cana. A primeira infância passa muito rápido e logo as crianças estão na escola. Quem não consegue se dedicar 3 ou 4 anos a um filho sabendo que é um momento decisivo na personalidade dele deveria parar pra pensar se está preparada pra ser mãe. Não sabe brincar, não desce pro play.

Amanditas disse...

Olá Amanda,

Sou mãe, e talvez por isso minha leitura seja um pouco diferente da sua. Concordo plenamente quando o artigo diz que nenhuma mãe é obrigada a ter parto normal ou a amamentar. Acho que cabem muitos feminismos aqui, e o principal é o direito da escolha da mãe, principalmente porque cada caso é um caso. Tem gente que diz que quem teve cesarea nao teve um parto, acho um exagero. Agora colocar a cesarea como a primeira opção também é um exagero!

Sou mãe de uma menina de 11 meses. Eu me preparei pra ter um parto normal humanizado. Mesmo entrando em trabalho de parto, tive que recorrer a uma cesarea por questões de saúde do bebe, que corria risco de vida.A real é que tem muito médico que marca a cesarea pro dia que indica um exame de ultrassom e faz o parto sem nem a mulher apresentar sinal de que está na hora! Acho isso ruim. A real é que quem ta de fora acha tranquilo fazer cesarea, mas a dor do pós-parto é imensamente maior. O corte pode infeccionar. Você demora pra se recuperar. Até pra pegar seu filho no colo é dolorido. O primeiro banho dói. A anestesia acaba com a gente! Não sei o que a autora do livro disse a respeito, mas ignorar que o pós=parto de uma cesárea pode ser tão dolorido quanto um parto normal é no mínimo uma ignorância. Agora, cesarea é bencao quando é necessario. Nenhuma naturalista discute esse ponto, ok?

A amamentação via mamadeira pode ser muito boa, mas pode ser traumatica também. Conheço bebês que tiveram dificuldade de se adaptarem a fórmulas, ficaram com intestino preso, vomitavam e problemas do tipo. A minha filha toma mamadeira, mas depois de praticamente 6 meses só no peito. Eventualmente eu dei fórmula, porque eu acho que a industria está aí pra ajudar sim, mas não pode ser regra. Ainda mais quando se sabe que leite materno é o alimento mais seguro pra criança até os seis meses de idade. Não é só um modismo natureba. Não mesmo!

A licenca maternidade no Brasil foi ampliada para 6 meses (a depender da empresa). Isso foi muito, muito bom pois considero esse prazo o mínimo necessario pra mae se recuperar e a crianca se adaptar as novas rotinas fora do utero. Também acho que a jornada poderia ser reduzida na volta ao trabalho. Eu por exemplo parei de amamentar o dia todo e passei a dar papinha. Só que isso foi muito repentino e eu tive mastite. Se a minha jornada fosse mais curta pra eu ir me adaptando aos poucos, tenho certeza que pra mim e pro bebe seria um caminho mais suave do que voltar ao trabalho de uma vez só, ficar quase 10 horas longe do bebe com quem eu ficava quase que 24h junto.

A palavra chave é escolha: a mulher tem que decidir o que é melhor pra ela. E a sociedade tem que dar opção e respeitar a escolha da mulher. Pai tem que participar sim, trocando fralda, lavando louça, preparando comida. Mas é a mãe que sofre transformacoes no corpo. Nada mais justo do que a licença maternidade ampliada e o retorno gradual ao trabalho. Nao sei qual é a jornada aí na França (provavelmente mais curta, né?). Se for mais curta, entao isso não chega a ser um problema. Aqui no Brasil a jornada é longa demais!

Bem, acho que é por aí. Liberdade sim, obrigação não. A culpa não pode existir pra nenhum dos lados. E nada de ficar desqualificando os movimentos dos outros, aprende-se muito feminismo com as mães naturebas.

Abraços,

Amanda

Martha disse...

Seu texto está extremamento melhor do que a entrevista das páginas amarelas da Veja. As falas da entrevistas parecem descontextualizadas e deixam uma interpretação ambígua do que ela pensa.

despachos disse...

Estou adorando seu blog!
Este assunto é por demais pertinente. Eu tive duas cesáreas (por indicação médica) e não me arrependo. Eu amamentei minha primeira filha por 6 meses e na segunda não tive uma gota de leite (por conta de medicação que tomei) e foi direto para a mamadeira. Eu toda preocupada fui perguntar ao pediatra se isso não lhe causaria problemas e a resposta foi ótima: nenhum, as campanhas de aleitamento materno tem importância em países pobres porque as mães não poderiam dar fórmulas adequadas aos seus filhos e substituiriam por leite de vaca ou, pior, água com farinha. E o pediatra em questão é uma pessoa super esclarecida e que faz parte das referidas campanhas.
Eu acredito que a mulher tem que escolher como quer e como pode exercer sua maternidade. Porque eu não tenho a mínima condição (psicológica ou material) de deixar meu trabalho e voltar para casa me dedicar a uma maternidade que me parece falsa e forçada nos dias em que vivemos.
Sou uma mãe extremamente presente e ciente dos meus deveres. Tenho certeza que bem educo minhas meninas, que estão crescendo saudáveis física e psicologicamente, sabendo que são responsáveis por sua felicidade e que um homem é apenas um detalhe em suas vidas, que pode acontecer ou não. Trabalhar ou ter uma vida produtiva de qualquer forma é o direito mais fundamental de qualquer ser humano, para que mantenha sua dignidade e sanidade mental. Dignidade é o ponto!
E olha que sou uma mulher que cozinha,costura, borda e mantém um blog sobre artesanato. Mas este é meu hobby, porque na realidade sou uma juíza de direito que trabalha, trabalha, trabalha, as vezes até mais de 12 horas ao dia. E cozinhar e costurar é apenas aquilo que me desestressa, jamais obrigação.
E o que mais me assusta é ver que estas super mães são aquelas que pior educam seus filhos. São as permissivas, as incapazes de impor limites e viram escravas de seus filhos.
Voltar para casa depois de tanta luta para conseguirmos brechas de igualdade é evidentemente um retrocesso. Só não vê quem não quer. Ou quem não tá muito afim de trabalhar e achou uma boa desculpa para ficar em casa sendo sustentada. Mas me digam: e quando o provedor cansar desta brincadeira e trocar a super mãe por uma mulher dinâmica, de sucesso intelectual e profissional? Ou mesmo pela primeira gatinha siliconada e sem celulite? E quando o filho crescer, a mãe vai fazer o que? Chorar?
Desculpe se acabei desabafando, mas já ouvi tantas críticas pelas minhas escolhas profissionais e pessoais que este assunto me tira do sério.
Hoje, aos 41 anos já não tenho culpa e sei que todas minhas escolhas foram as melhores possíveis e só com meu trabalho posso oferecer a melhor educação possível para as meninas (que aqui no Brasil custa os olhos da cara) e é meu trabalho que possibilita que elas viagem, conheçam o mundo e não tenham uma visão provinciana e acanhada da vida. Somos três mulheres muito bem resolvidas, aos 41, 15 e 7 anos! hehehe Somos feministas na prática, não no discurso... porque este me cansa demais, de tão infantil parece meio debilóide.
Um abraço e aproveite o verão da cidade que mais amo no mundo!
Lu

Amanda disse...

Oi Luciane, tentei comentar la no seu blog mas não consegui de jeito nenhum! :/
Adorei seu depoimento! Tbm acho que cada mãe deve ter o direito de escolher que tipo de mãe quer ser, sem pressões ou culpa. Se temos tantas opções hoje em dia, pq criticar quem escolhe diferente? Parto normal ou cesarea, leite materno ou leite de lata, mãe largando o emprego ou creche... Cada um escolhe o que é melhor para si. Beijo!

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