Parece bobagem, mas uma das coisas mais importantes que aprendi nos ultimos anos foi que não podemos reduzir um conflito em bonzinhos x vilões. Ninguém quer ser vilão e, dependendo do ponto de vista, todo mundo é heroi. O que existe são motivações, interesses, versões, contexto historico. Sempre devemos procurar entender as razões de ambos os lados.
Mas tem certos casos em que simplesmente não ha justificativas. Ontem, Israel atacou barcos humanitarios que tentavam furar o bloqueio imposto na Faixa de Gaza. Eles levavam remédios, alimentos e material de construção (item proibido no pais pela estratégia israelense). Tropas israelenses atacaram os barcos e mataram uma dezena de ativistas pacificos, alegando que eles eram terroristas perigosissimos armados de facas, tacos de beisebol e duas pistolas (duas pistolas para 750 pessoas). Entre os embarcados havia uma cineasta brasileira, que hoje esta presa em Israel e sera deportada para os EUA, onde vive. Ela conta um pouco sobre o projeto aqui, antes do incidente de um dia atras.
Esse acontecimento é um escândalo tremendo, pois mostra o desprezo que o exército israelense tem com a vida humana e a convicção que possuem de que podem passar por cima de todas as lei humanitarias internacionais sem serem punidos. Mas esse caso é diferente. Primeiro, porque não são palestinos que eles mataram. Não são arabes. São europeus. São brancos. Todo mundo sabe que no mercado, a vida européia vale mais. Depois, porque as vitimas, além de européias, eram civis cansados de esperar soluções oficiais que não chegam nunca. Cansaram de ouvir falar em "negociações de paz" ou "estratégias de reconciliação". Tem gente com fome, porra! Tem gente morrendo nos postos de controle de Israel sem poder ir pro hospital enquanto os representantes oficiais continuam se dando tapinhas nas costas.
O mundo cansou. Pronto. Civis resolveram tomar o papel que os politicos provaram ser incompetentes demais para desempenhar. Diplomatas, sobreviventes do holocausto, premios nobel da paz (de acordo com Israel, terroristas da pior estirpe) decidiram entrar num barco para lembrar ao mundo as barbaridades que se fazem contra os palestinos. E quando são recebidos à bala (em aguas internacionais) nossos queridos representantes so têm a dizer que estão "trabalhando para entender as circunstâncias da tragédia", como declarou o atual nobel da paz, Barack Obama. Longe de ser uma condenação, não? Tragédia é quando temos uma catastrofe natural, quando o acontecimento é inevitavel - a chacina de ontem poderia ter sido evitada.
Sou otimista e acho que essa "tragédia" pode sim dar uma nova perspectiva para o conflito israelo-palestino. No meu exercicio de tentar entender os dois lados, consigo compreender as motivações tanto dos palestinos quanto dos israelenses, e acho que ambas são validas. Mas tenho a convicção de que um dos lados utiliza meios inaceitaveis, injustos, cruéis e inumanos para conseguir seu objetivo.
9 comentários:
Foi preciso uma dezena de vidas serem finalizadas para que AGORA alguma coisa esteja sendo pensada, alguma solução esteja sendo discutida. Coisa que, como você mesma já disse, Manda, poderia ter sido evitada, se eles/governistas/responsáveis/autoridades tivessem feito alguma coisa. Pelo menos alguma coisa do tipo que essas pessoas tentaram fazer: levar o alimento a quem estava morrendo de fome, já que 'ninguém'fez nada, ou se 'alguém fez', não fez nem o suficiente, ou ainda o que deveria TER SIDO feito, né?! É lamentável!
Nossa, descobri seu blog há pouco tempo e tenho adorado! Bacana sua análise sobre o conflito. Admiro quem vai lá e faz, já que os oficiais não fazem nada. São vidas, em conflito há anos, numa guerra que nivelou por baixo a visão que o mundo tem dos vilões, heróis e civis... Acho que pra maioria das pessoas, é tudo a mesma coisa. Uma pena.
me senti constrangida lendo o post. acho que eh porque... bom... tou tao bem aqui no meu quarto quente, que nao posso nem criticar politico. alias, poder a gente pode, mas olha aih: teve gente como eu que foi lah e fez. alias, que tentou fazer.
um dia vai acabar, mas como? tipo, quando nao tiver mais palestino vivo?
Então, eu entendo bem a sua revolta. Mas, por conta da pós eu tive um contato (mínimo, mas tive) com política internacional e acho que ambas as coisas são necessárias. A ação civil e a diplomacia. Lógico que diplomacia é algo aparentemente civilizado, mas com muita dose de selvageria e cinismo (revi o filme "O Jardineiro Fiel" semana passada, já assistiu?). Ainda assim, com todos os deméritos, não dá pra ficar sem ela.
Mas o que Israel faz, pra mim, é inaceitável. E ainda tentam mascarar qualquer crítica como "antisemitismo", como "nós, os eternamente perseguidos". E qualquer pessoa minimamente esclarecida sabe que oprimido é uma posição dinâmica. Que os Astecas foram oprimidos, mas antes foram também opressores. Que um erro não justifica o outro. Enfim. Divago.
Um filme interessante sobre este poder do Estado de Israel é o "Lemon Tree". Sem muito drama, sem mostrar situações limites como crianças mortas, só focando em questões burocráticas e territoriais, nos dá uma dimensão do quanto pode ser opressor ser "vizinho" de Israel.
Pode ter certeza que esse lado é o que está ganhando. O que mais me irrita é a tremenda hipocrisia da ONU e dos EUA. Os israelenses investigarem ou a ONU é a mesma coisa. Deviam deixar uma equipe internacional independente investigar o incidente. Mas eu traduzo em miúdos o que os países desenvolvidos estão pensando "Vamos abafar o caso, afinal, quem liga pra pobre?".
O incidente com a flotilha foi amplamente explorado pela Mídia. E é claro, resultou numa série de opiniões divergentes:Para aqueles que "crucificam" Israel desperta-se o mesmo ódio alimentado no decorrer dos anos e da História. É óbvio que os "pacifistas" ficaram em desvantagem, foram feridos e alguns mortos. Mas também houve soldados israelenses feridos (mas isso não conta não é mesmo?) O importante é denegrir a imagem de Israel, como eu acabei de ler nos demais comentários! Tudo bem! Estamos acostumados a esse tipo de injustiça. Bom seria olhar os dois lados da moeda, antes de analizar uma informação. E para os "detentores da verdade" gostaria de lembrar do soldado israelense em cativeiro há 4 anos na Faixa de Gaza ( - quem? - O que?). Gilad Shalit gostaria desse sentimento de solidariedade também. E pode me fazer um favor? Não deleta o meu comentário não. Afinal, eu também tenho o direito de dizer o que penso.
É muito simples criticar Israel.nenhuma linha sobre os milhares de foguetes lançados a partir de Gaza, que mataram inclusive brasileiros.S´este ano, 180 foguetes lançados a partir de Gaza.Existe um estado de beligerancia, e enquanto os palestinos não pararem os ataques, os israelenses respoderão.No ano 2000 Barak ofereceu a paz a Arafat.[que quis a volta de 4 milhões de palestinos a Israel, que disse;vcs vão ter um Estado, coloquem lá os palestinos].E Arafat começou outra guerra de terror, que matou 1.100 israelenses em mercados, pizzarias, danceterias, onibus.,e 3.000 palestinos.Se os palestinos tiverem coragem, assinam um tratado de paz.Infelizmente para eles, as condições que todos conhecem, serão mais duras do que teriam sido 10 anos atras.E muito menos sangue teria corrido dos dois lados.Enquanto Gaza lançar foguetes, Israel impõe um bloqueio.
Existe uma guerra continua, com periodos de acalmia, desde 1948 qdo os arabes atacaram IsraelQuem sabe qtos israelenses morreram nestas guerras e atentados terroristas? Cca de 26.000,mulheres, soldados, crianças,velhos,e mais de 100 mil feridos.e Israel hoje responde forte,a guerra continua na midia,distorcida,e as pessoas choram, coitado dos palestinos.
A solução? Sentar numa mesa e chegar num acordo.Mas quem diz que os arabes e palestinos querem? Alguem se perguntou de onde chega o material para fabricar milhares de foguetes? E o dinheiro?Já ouviram falar do Irã? E do Ahmadinejad?Analises muito simplorias do conflito.E bote mais religião em cima.Já se perguntaram pq não aparece o conflito dos curdos? Os massacres dos cristãos negros no Sudão? A Chechenia? Pq não perguntam aos europeus o que eles acham dos arabes?Quem sabe do estado em que se encontram os indios brasileiros? Os remanescentes dos guaranis, os tapirapés da ilha do Bananal?Eram 2 milhões, hoje restam 200 mil, a maior parte doentes;mas falar dos outros é muito mais facil !!!!
Shalom, Salam
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