domingo, 11 de julho de 2010

Brasileira + francês = desconfiança

Os brasileiros que decidem morar na França vêm pelas razões mais diversas, mas acho que podemos reduzir grosseiramente a três principais. A primeira é para estudar, geralmente jovens solteiras e solteiros que ficam um periodo determinado de tempo. A segunda é pelo trabalho, geralmente adultos com familia que se instalam a longo prazo. E a terceira é pelos relacionamentos amorosos franco-brasileiros.

Detesto admitir que me encaixo na terceira categoria, porque a primeira impressão que as pessoas têm é que eu larguei toda a minha vida pra tras em nome do sonho de um grande amor, o que não é nem um pouco verdade. Se eu não estivesse com o cheri, eu teria ido para um pais estrangeiro de qualquer forma. Pode até ser que não estivesse na França, mas provavelmente também não estaria no Brasil. Eu so uni o util ao agradavel.

Mas as pessoas desconfiam de casais franco-estrangeiros. Não so os franceses, mas todo mundo, até outros casais franco-estrangeiros. Parece que a primeira impressão é sempre de "francês rico foi resgatar coitadinha terceiro-mundista e a trouxe para o desenvolvimento europeu". E é interessante como a grande maioria dos casais franco-brasileiro é composta de brasileira + francês, e não o contrario, o que da um poder automatico ao homem. Por isso quase sempre a primeira pergunta que fazem é: "Vocês se conheceram onde, no Brasil?". Se a pessoa responder sim, a desconfiança cresce, pois sempre pensam que o gringo foi passar o carnaval no Rio pra curtir a vida adoidado e acabou trazendo alguém exotico pra fazer companhia. Se o encontro aconteceu na França, a desconfiança diminui, afinal de contas, se a coitadinha terceiro-mundista teve dinheiro pra vir à Europa por conta propria é porque ela não é tão coitadinha assim. No meu caso foi na Australia, o que é ainda melhor e facilita muitissimo a minha vida. Mas imagino o que os casais que se conheceram no Brasil devem sofrer.

Então parece que as pessoas estão sempre querendo classificar qual tipo de relação que você tem com seu francês. Se é o da coitadinha resgatada, se é o da interesseira, se é o de companheira, se é o de conveniência, se é o de amor ingênuo pela internet, se é o de igualdade. Depois que eles chegam a conclusão de que o casal esta junto pelos mesmos motivos que eles proprios estão com seus companheiro(a)s, passam a te tratar como igual, mas até chegar nesse nivel de confiança são muitas perguntas disfarçadas e meios-sorrisos. E eu que achava que os funcionarios da imigração eram os unicos a se preocupar com os relacionamentos franco-brasileiros.

27 comentários:

Anônimo disse...

Ai Manda! As pessoas acham que pra ser "amor", tem que ser amor entre pessoas da mesma nação. Se não for, é um falso-amor como você mesma já relatou no poste. Mas essa ideia que se criou é por conta da divulgação que a mídia faz desse tipo de relacionamento. É difícil você ver uma reportagem sobre casais que se amam, que deram certo e que são de diferentes nacionalidades e etc. Não tô dizendo que é pra ocultar nada, muito pelo contrário. Tem é que mostrar mesmo, mas não só mostrar um lado da moeda. É mostrar que há exceções. ENTRETANTO, a questão é saber quem foge à regra. =/ Porque há muito ator/atriz talentoso (a) por aí ... =S O que não é o seu caso e do cheri. /óbvio

Anônimo disse...

Conversa com Petit-ami:
Eu: - Por que homens franceses preferem mulheres estrangeiras?
Ele: - Porque as francesas sao insuportaveis.

Também me encaixo na terceira categoria, Amanda. Mas a gente que é mulher, estrangeira, latina e la vai pedrinha passa por tanto tipo de preconceito que esse passa a ser so mais um...

Aline Mariane disse...

Adoro esse clip e essa música!! Nessa linha de vozes femininas fortes e letras debochadas, viu ZAZ "Je veux" que tem tocado tempo todo?! Muito boa!

Nossa, não tinha prestado atenção nessa desconfiança de casais franco-brasileiro... Bem, talvez porque todos esperassem que Loic arranjasse uma namorada africana, então uma brasileira foi lucro!! hahaha E olha que a gente se conheceu no Brasil e, nesse caso, faço questão de contar "a gente era colega de trabalho" pra ninguém pensar que ele foi pra lá em férias-curtição!

Verdade que sempre tem muitas perguntas, mas nunca tinha visto por esse lado de "classificação"... Tenho muitos casais de amigos "mestiços" (entre os super-próximos estão uma tunisiana e um francês e uma etiopiana e um francês, fora os da união europeia, que nem considero "mestiços") e eu mesma adoro perguntar sobre como se conheceram e outras anedotas do casal, afinal, rola uma identificação!

Sua soutenance é essa semana, não?! Muito boa sorte! Bjss!

Neide disse...

Oi Amanda! eu tb nunca percebi essa desconfiança... se rola nãzo me importo! beijos!

Neide disse...

Ah Amanda, adorei a musica!!!!

Mari disse...

Quando eu digo que sou casada as pessoas automaticamente me perguntam: "com um francês?" e quando eu respondo "não, com um brasileiro" todo mundo faz aquela cara de "aah, que pena pra vc hein?"...
Se marido francês causa desconfiança, marido brasileiro parece causar decepção! Fora o stress duplo com a renovação do visto... e por falar em imigração, nunca vou entender porque o visto de cônjuge (estrangeiro) não da direito à atividade remunerada...
mas enfim, essa coisa de "esposa terceiro-mundista resgatada" existe muito mesmo...

Ana Duarte disse...

Eu também sinto esta desconfiança! Nao pela familia do meu namorido (que me aceitaram super bem), mas por outras pessoas mesmo, que me olhavam de "canto de olho". Teve uma vez que estavamos em um jantar, de uma amiga da avo dele, quando a senhora se vira e pergunta:
"E você é de onde?"
eu: Sou de Sao Paulo
ela: ahhh brasileiraaaaa, humm
e veio fazer o que na França?
Antes de eu abrir a boca pra responder ela completou:
"Ahh ja sei, veio pra arrumar marido!!!"
E olhou pro meu namorado! eu fiquei chocada, e fiz uma careta....ai ela colocou a mao na boca e falou:
ahh desculpa, nao foi bem isso que eu quis dizer...hehee
Minha vontade era levantar da mesa e deixar ela la, de tanta raiva que fiquei!
Hoje as coisas melhoraram, nos conhecemos aqui e talvez, como vc disse, ajude a diminuir um pouco essa coisa de que foram la te "resgatar" no seu pais.

Isabela Mena disse...

fantástico texto!
bj

Isabela Mena disse...

ah, nada a ver com o assunto acima, mas dá uma lida no texto deste link. é do jotabê medeiros, jornalista que eu adoro, do Estadão, e que tem esse blog.

http://medeirosjotabe.blogspot.com/2010/07/aos-que-se-venderam.html

beijos

caso.me.esqueçam disse...

pois eh, e eu me encaixo perfeitamente no pior perfil: o frances foi pro brasil (pro nordeste, onde a prostituicao come no centro) e voltou com uma coisinha exotica na mala. mas eu nao noto muito preconceito ou olhares estranhos, porque o meu circulo social (se eh que eu posso dizer que eu tenho algum) eh feito, na maioria, pelos amigos de camilo. e eles entendem. mas quando ia fazer faxina, sempre me perguntava o que as madames pensavam de mim em relacao a isso. acho que pelo fato de que pra elas era obvio que eu tava casada com frances me incomodava um pouquinho. porque as vezes a sensacao eh essa mesmo, que eu passei a perna em camilo. que eu tou com ele somente pra sair do brasil. entao, muitas vezes eu me adianto e brinco que eu nem queria ter casado, mas era a unica forma de eu dar o "golpe da nacionalidade". tem o golpe da barriga, do bau, o meu foi esse :D

Bel Boucher disse...

Tenho o feeling que francês é fofo perto dos tugas. Mas isso é para um post no c'estpasvrai. Quando tiver tempo, claro.

bjs

Doces Abobrinhas disse...

não entendo Paris!? odiei quando cheguei, senti saudades qdo voltei e sou louca para voltar... eles são preconceituosos com cada coisa ....
não dá para entender.... deixa pra lá! rs!
um beijo doce e apareça nas abobrinhas!

Unknown disse...

é verdade...tinha (ou tenho) essa impressao, mas o que é importa é saber o que somos, o que fazemos, e o que sentimos um pelo outro!!

Helena disse...

Também me encaixo na terceira opção e ainda nos conhecemos no Brasil, mas quando conto que nos conhecemos na natação e que ele foi a Porto Alegre estudar as coisas parecem ficar mais amenas e até românticas. Mas o fato é que morando no Brasil não sinto tanto esse "olhar" impróprio por parte das pessoas. Ah, e até conheço casais franco-brasileiros formado por homem brasileiro e mulher francesa, e também conheço muitas francesas que estão com estrangeiros. Acho que os franceses têm fama de "chercher ailleurs" seus companheiros.

Amanda disse...

Entao, acho que essa desconfiança rola mais com desconhecidos mesmo, tipo entrevista de emprego, por exemplo. Geralmente os amigos e a familia do namorado/marido conhecem bem a pessoa e sabem que ele nao foi caçar esposa. Mas o pior eh que em alguns casos a desconfiança eh fundada. Eu ja vi casais em que estava na cara que a brasileira estava com ele pelo passaporte e o frances estava com ela pra exibir pros amigos.

Tambem conheço algumas francesas casadas com brasileiros, mas acho que sao minoria, ne?

Iara disse...

Chegando atrasada, minha amiga que ficou por aí e se casou com francês sofreu alguma desconfiança, sim. Acho que o preconceito é sobretudo de classe, viu? Do mesmo jeito que aqui casamentos entre pessoas de condição financeira muito diferente geram comentários maldosos, eles tendem , por associação, pensar que, como a Brasil é mais pobre que a França, todo mundo aqui tá na merda.
Enfim, o sogro da minha amiga a enxergava como caçadora de passaporte até conhecê-la melhor, saber que ela tinha começado um mestrado no Brasil, que tinha um apartamento montado em São Paulo e que, ainda que dependesse financeiramente do filho dele na França, isso era uma situação, não uma condição imutável. Depois se afeiçoou tanto a ela que no dia do casamento fez um discurso que eu nunca vou esquecer, tão comovente foi.
Mas, né? E se ela fosse pobre? Não podia estar sinceramente interessada no filho dele?

Patrícia disse...

Ih, eu me encaixo na terceira situação. Devo me preparar então pra esse ar de desconfiança.Sorte a minha que o conheci lá.
Mas poxa, a gente tem culpa pelo fato de as franceses serem tão sem gracinha, meio frias. Palavras do meu namorado, hein?!
Beijos p vc, adorei o artigo.!

Anônimo disse...

Nossa isto é exatamente o que esta acontecendo comigo, sou brasileira da cidade de Natal-rn e estou namorando um lindo francês. Nos conhecemos aqui no Brasil onde ele ficou por tres meses e logo voltou pra França. mas eu nem me casei e as pessoas ja estão falando que eu estou com ele por interesse. Mas a verdade é que eu o amo verdadeiramente e vou lutar por ele ate o fim....falem o que quizerem!

Mariana disse...

Oi, Amanda! Tô no seu blog pela primeira vez, atraída pelo concurso de blog da Lola. Li alguns posts e adorei, mas esse me chamou a atenção pq me identifiquei.

Também sou uma carioca envolvida com um europeu. Mas ele não é francês, é holandês. Só que eu sofro exatamente o que vc descreveu no post, a mesma desconfiança, o mesmíssimo preconceito. Mas, como eu ainda moro no Rio, fico ainda mais espantada que o preconceito venha dos próprios brasileiros.

É sério. Todo mundo, sem exceção, acha que eu o conheci na Lapa, aquele velho clichê de gringo que vem passar o carnaval e não resiste aos encantos das "cariocas cheias de brasilidade". Quando eu digo que o conheci nas minhas férias na Holanda, as mesmas pessoas já mudam de cara e cismam que eu sou rica, quando tô longe disso. Ainda não sei como será a coisa na Holanda, só fui duas vezes a passeio pra lá, mas pelo q vc descreveu da sua experiência com os franceses, acho que ainda vou ter que matar muito leão quando for morar lá...

Beijos e muito bom o blog!

Jeannie disse...

Oi,

eu conheci meu namorado em um projeto de extensão entre a minha universidade(brasileira) e a dele(francesa). Desde então, ele veio ao Brasil algumas vezes (Nordeste) e eu o visitei em Paris. Eu estou morando na Noruega agora, mas em alguns meses voltarei ao Brasil. Estamos pensando em nos casar em 2 ou 3 anos. Quando vamos aos lugares, não importa se no Brasil, na França ou na Noruega, sempre tem alguém olhando, mas felizmente, nunca me falaram nada. A família dele é muito gentil, mas está na cara que eles gostariam que eu morasse na França. Eu sei que será difícil (ainda nem decidimos onde vamos morar) mas por amor vale a pena a espera, a distância e até engolir uns sapos de vez em quando (pra mim, vale muito a pena) ;D

Gostei muito do blog e dos comentários =]

PS.: Alguém tem ideia do que é melhor (legalmente falando), casar no Brasil ou na França?

Amanda disse...

Oi Jeannie! Com certeza vale a pena sim! Quanto ao casamento, acho que não tem muita diferença não. Eu casei no Brasil e foi bem chatinho, mas talvez na França seja pior ainda por causa dos documentos brasileiros traduzidos, com validade de 3 meses, e outras coisinhas que a França pede pros imigrantes. Beijo e volte sempre!

Anônimo disse...

sandra. eu conhecir meu marido frances,en españa, que vivo á 20 anos,larguei tudo pra ir viver en francia,bordeaux,estou casada a 7 anos,so problemas, do marido,un dia sua tia disse a mim no almoço en sua casa, es muito dificil viver en brasil, emuito pobre eviolento, ateairella não sabia que eu vivia en españa,respondir a ella, en brasil, sou funcionaria publica,e aposentada, ella,ficou amarela, meus filhos tem escritorios, terminou o dia pra ella,o seja pra familia dele,ele veio tres vezes en brasil, a primeira,tudo ben, logo tivemos problemas,bar e amigos, que mi queria,tambem,isto cuando valtamos a francia.ellefalou deminha via aqui , todos mudaram seu comportamento comigo, tivemos crise, voltamos al brasil, e elle queria que eu vendera minha casa para ele abri un restaurante, e logo descobri que todos da familia, tinha dificuldade, mãe, pai,de aluguelelle teria retornado a francia por ser expulso do estados unidos,sua filha com problema de justiça,e elle trabajar pra comer, agora de tudo isto diz que tem direitos en minhas coisas aqui, durante o casamento não construimos nada
não quer mi da o divorcio , isto e frances,não tive sorte, ate agora,un abrço

Mr disse...

É de um realismo irritante o seu artigo.

mdr

Unknown disse...

Também sou casada com um francês, nos conhecemos pela interenet, mas ele mentiu sobre esse detalhe para maioria da familia, os que sabem não se diferenciam muito dos que não sabem, porque percebi que pouco importa como ou onde nos conhecemos, mas o fato de eu ser de um pais, como disse um dia um amigo dele: "sempre tive a visão do Brasil ser um pais muito pobre", havera sempre essa desconfiança. Fui bem aceita por alguns, depois que vasculharam sobre a cidade que eu morava e viram que não era so mato, depois que souberam que fiz universidade e para alguns, depois de entrar em contato direto com o meu CV. Ainda assim, passo por muitos preconceitos aqui, de irmã m julgando interesseira, cunhado me paquerando sem a menor falta de vergonha, amigos fofocando, até uma cunhada chinesa faz questão de mostrar que não me atura, esta ultima percebi que sente ciumes por alguns, como meus sogros, deixaram de ter ela como centro das atenções. Estou decida a voltar ao meu pais e com meu marido, cansei da arrogância, hipocrisia, humor debochado, falsidade e da lingua enorme que os franceses têm. Prefiro viver onde posso me defender tranquilamente, porque sei que mesmo no meu pais, sempre tera um recepicionista que em periodo de férias no litoral, ira me barrar por julgar sou prostituta so porque meu marido é estrangeiro, fico imaginando se eu não fosse mais velha que ele, fosse uma analfabeta ou algo do tipo, o que teria que enfrentar. Oh, humanidade.

Sue disse...

Bom dia!!

Em abril me casarei com um francês. Nos conhecemos aqui e ele já mora aqui há 5 anos. Vamos casar no religioso com efeito civil. Gostaria de saber como vcs fizeram com os documentos religiosos. A igreja pede certidão de batismo e de justificativa do padre de que o meu noivo nunca foi casado. Mas a igreja na frança diz que isso é feito entre igrejas e a igreja aqui diz que a gente que tem que ir pedir lá. Como fizeram?

Obrigada

Sue

Amanda disse...

Oi Sue, somos dois ateus então não tivemos problemas com isso. Beijo!

Unknown disse...

Oi Amanda, seria possivel você me informar alguma forma de contato?? Eu tenho uma namorada francesa, e gostaria de algumas informações.

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