A NOITE MAIS ESCURA DO CHILE
Há 2 dias
Ano passado houve um referendum no meu bairro pra saber se a populaçao concordava ou nao com a construçao de um tramway, tipo um bonde que circularia quase Paris inteira. Houve uma grande mobilizaçao na vizinhança, todo mundo se informando e indo nas reunioes explicativas. No inicio eu adorei a ideia do trem, mas depois de ouvir os argumentos contra, confesso que fiquei na duvida. Mas como eu nao posso votar mesmo, minha opiniao nao valia muita coisa e ninguém se preocupou com o que eu pensava. O pessoal do contra dizia que esse era um meio de transporte antigo e fora de proposito, que existia ha 50 anos, dai tiraram todo o trilho e agora querem por tudo de novo. Falaram que por falta de espaço, o transito iria piorar muito. Mas apesar de todo o esforço desse pessoal, o povo votou a favor do tramway. Imediatamente surgiram painéis explicativos nas ruas informando a populaçao as etapas das obras, os prazos de entrega e os valores investidos. Panfletos de informaçao começaram a surgir nas caixas de correio, cada um mais criativo que o outro. As obras de reforço da estrutura dos pavimentos (eu li os panfletos) começaram rapidamente. Eu ia dormir uma noite, e quando acordava tinha um canteiro de obra na minha janela, todo cercado e devidamente sinalizado. Até a pintura do chao eles mudavam, pra avisar os motoristas sobre a obra. Uma semana depois eles terminavam o trabalho, tiravam toda a cerca, os banheiros quimicos, apagavam o chao e saiam numa rapidez que parecia que nem tinham passado por la. Cada dia tinha obra num ponto da rua. Muda sinal de trânsito do lugar, apaga faixa de pedreste, pinta outra, cerca, bota banheiro quimico, fura o chao, tapa o chao, limpam tudo e começam num lugar diferente. Mas tudo numa agilidade impressionante. E sempre informando o que estavam fazendo, por quê e quanto custava. Dava até pra entrar no site da obra e ganhar um ipod. O trem começa a funcionar so em 2012, mas a gente tem a impressao de que tudo esta indo bem, estamos vendo a rapidez dos trabalhos e ainda temos a impressao de fazer parte disso tudo.
Nas ultimas semanas eu tenho me sentido super integrada com os franceses. Motivo? Estou acompanhando um programa de TV popular por aqui, o Koh Lanta, que é uma versão do nosso No Limite. No dia da estreia, calhou da televisão estar ligada no canal e aos poucos eu fui deixando meu livro de lado pra prestar atenção ao programa. No final eu ja sabia o nome de todos os participantes e ja tinha meus preferidos. Na semana seguinte eu ja estava preparada pra assistir, sem nem cogitar fazer outra coisa. Pronto, depois disso as sextas-feiras ja tinham programa certo.
quando eu disse que assistia o programa.
Achei que não fosse ficar nervosa com a apresentação do meu mémoire. O pior ja tinha passado! Passar um ano pesquisando, fazendo entrevista, lendo, indo até o Paraguay de ônibus, passando horas e horas entre uma cidade e outra, escrevendo em francês, pedindo pra outras pessoas corrigirem, me desesperando em ver que tudo o que escrevi estava errado, organizando capitulos, esperando impacientemente a opinião da professora, bom, eu achava que meu sofrimento ja estava de bom tamanho. Mas é claro que eu estava errada.
rtamento e encontrei uma menina do meu curso que também ia defender naquele dia. Começamos a conversar sobre os nossos colegas que ja tinham defendido. Ela estava mais informada que eu. Eu perguntava:
ula do curso, mas é extremamente intimidante. Comecei minha apresentação e foi tudo bem. Depois foi a vez delas de dar o parecer. Olha, 80% dos que elas falaram foram criticas e 20% elogios. Mas a impressão que elas deram foi que não precisavamos perder tempo com o que estava bom, então era melhor nos concentrarmos onde poderiamos melhorar. E isso significava que meu trabalho não estava uma merda completa, so que tinham pontos onde eu poderia ter feito melhor. Depois me perguntaram se eu queria continuar com o mesmo tema no segundo ano. Eu respondi um sonoro e traumatizado "NAO". Não aguento mais esse assunto! Se eu ver um paraguaio na rua eu mato! Nota final: 14/20. Otimo! Passei pro segundo ano.
O dono do carro foi encontrado e informou que seu veiculo era usado pelo caseiro. Algumas horas depois, o caseiro apareceu com a maior cara lavada e negou o sequestro.
quimica. Ele disse: "Sera que não devemos decidir pela pratica da castração quimica para individuos como esse?". O PS criticou dizendo que a direita esta tão obcecada com a segurança nacional que esta tomando medidas estapafurdias. Acho que essa é a primeira vez que sou obrigada a concordar com a direita. Não tolero crimes sexuais. O argumento de que é uma punição cruel não cola pra mim. E nem acho que seja cruel, afinal de contas não vão cortar o pinto do cara fora, é so um remédio que tira o desejo sexual da pessoa. Tudo bem que tem varios efeitos colaterais, mas se é para evitar estupros e até mortes, eu acho que é muito valido.
dissertação, que sonhava com algumas horinhas de ocio total e despreocupado. O cheri acabou a dissertação dele em junho e teve umas boas semanas de férias enquanto eu me descabelava. Eu olhava pra ele com uma inveja, tirando um cochilinho depois do almoço. So que ele, sim, sabe desfrutar do seu tempo livre. Sabe o que ele fez no dia em que apresentou o trabalho final? Voltou pra casa com seis livros sobre economia e geografia, pra ler assim, por lazer.
o, até bem interessantes, mas que ficaram sentadinhos na prateleira durantes essas três semanas.